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A bem da Lusofonia enterrem a CPLP
- 25-Nov-2005 - 18:33
Não sei se alguém da CPLP, ou apenas alguém, lê esta secção. Seja como for, volto a repetir um velho apelo que ainda não teve resposta, talvez por falta de leitores. Continuo a pedir a ajuda dos cidadãos lusófonos para que, caso estejam para aí virados, me dizerem se viram por esse mundo fora alguma coisa que dê pelo nome de Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Poderá ser, imagino, um elefante branco ou, quiçá, uma enorme montanha de onde foi parido um ratinho. Não. Não me aconselhem o site da CPLP. Nesse, na secção Actualidades, as notícias mais actuais de Angola, Portugal, Brasil, São Tomé, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique são de 11 de Julho... deste ano (valha-nos ao menos isso).
Por Orlando Castro
A CPLP assumiu-se, nos areópagos políticos dos Estados-membros e entre boa comida e melhor bebida, «como um novo projecto político cujo fundamento é a Língua Portuguesa, vínculo histórico e património comum dos oito, que constituem um espaço geograficamente descontínuo mas identificado pelo idioma comum».
Teoria e lata não lhes falta. O problema está em passar da teoria à prática. E se o Instituto Internacional de Língua Portuguesa está, há anos, adormecido (apesar de bem teorizado) no papel, valerá a pena pensar noutros projectos? Deixem de gozar com a nossa chipala.
Não seria preferível dar um murro na mesa para ver se os oito países responsáveis pela CPLP acordam? Ou, então, fechar – mesmo que num contexto provisoriamente definitivo - para obras?
Se todos sabem que, desde que nasceu, a CPLP está em falência técnica, porque raio a querem manter artificialmente viva?
Mais do que criar organismos, institutos e similares; mais do que sugerir novos projectos (viáveis, mas condenados a uma longa noite de sono nos areópagos políticos dos oito), impõe-se pôr a funcionar a própria CPLP ou, então, reconhecer que confundiram a obra prima do Mestre com a prima do mestre de obras.
Mais do que uma enciclopédia culinária, pelo menos seis do oito membros desta comunidade precisam de comer alguma coisa, nem que seja em pratos de plástico, nem que seja peixe seco e pirão.
Sejamos sérios. Os projectos não podem ser imputados à CPLP enquanto entidade com oito membros. A CPLP não pode reivindicar para si o somatório dos projectos individuais, ou bilaterais, levados a cabo por um ou mais dos seus signatários.
Recorde-se que, segundo a sua constituição, a CPLP tem como objectivos gerais «a concertação política e a cooperação nos domínios social, cultural e económico, por forma a conjugar iniciativas para a promoção do desenvolvimento dos seus povos, a afirmação e divulgação crescentes da língua portuguesa e o reforço da presença dos oito a nível internacional».
Pelo andar da carruagem (e a CPLP só tem três velocidades: devagar, devagarinho e parada) já estamos a ver a a Lusofonia substituída pela francofonia ou por outra qualquer fonia.
É que eles, ao contrário de nós, não projectam fazer - fazem.
25.11.2005
orlando@orlandopressroom.com
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