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Quo vadis povo Maubere?
- 6-May-2006 - 18:22

“A independência não se consegue, ou não se constrói, com um simples içar da bandeira”, isto afirmava José Alexandre Gusmão, mais conhecido por Ray Kala “Xanana Gusmão”, numa entrevista concedida ao jornalista Orlando Castro e publicada no Jornal de Notícias nos idos de Fevereiro de 1999. Sete anos depois as palavras soam ainda mais preocupantemente proféticas. Indonésios e australianos, mais aqueles que se mantém calados, sorriem com os problemas internos de Timor-Leste onde duas facções internas se digladiam pela afirmação do poder, pelo poder. Os “lorosae” – ou os do leste – que parecem ter o efectivo poder, e os “loromonu” – ou do ocidente – que se sentem discriminados e preteridos pelo poder instituído.


Por Eugénio Costa Almeida
Mestre em Relações Internacionais e Doutorando em Ciências Sociais


Apesar de ambos serem independentistas, acontece que de um lado estão os antigos guerrilheiros – militares e a elite da Polícia Nacional –, aqueles que combateram nas matas e montanhas e para onde estão a retornar, liderados por militares e que vêem Xanana como o seu único líder; a eles acompanham-nos uma parte significativa da população.

Do outro estão os políticos, aqueles que, como viveram grande parte da sua formação cívica no exterior bebendo ensinamentos político-sociais, estão a implementar em Timor-Leste medidas que não se coadunam com a vida maubere. De entre estes estão o primeiro-ministro Mari Alkatiri, que viveu quase toda a sua vida no dourado exílio de Maputo, e o “luso-australiano” Ramos Horta que, nesta altura, deverá estar mais preocupado com uma possível eleição para Secretário-geral das Nações Unidas que com o que se passa no seu país. E estes começam a ser vistos não como Homens de Estado mas como políticos que estão a socializar o país em vez de aplicar a justiça democrática.

Estranha-se esta disputa num povo antropologicamente uno. Estranhava-se se a questão fosse meramente social e política. Mas a realidade parece ser outra. Como afirmava há dias o jornalista Carlos Narciso num comentário deixado no “Pululu” o problema de Timor-Leste é a existência de clãs que querem dominar social e politicamente o país.

Também se estranha a passividade da comunidade internacional que muito contribuiu para a independência maubere.

Os governos norte-americano, australiano e neo-zelandês aconselham a saída dos seus cidadãos; os americanos já enviaram um avião para recolher cidadãos seus e alguns estrangeiros que queiram sair e os australianos colocaram tropas à disposição do Governo de Dili.

Em Portugal, pouco ou nada se fala e em Timor estão cerca de 400 cidadãos portugueses, embora o governo português afirme ter um gabinete de crise – que tem um plano teórico de evacuação – e esteja a acompanhar a evolução da situação (entretanto os cidadãos portugueses que fiquem em casa e evitem deslocar, mas isto não impede que o governo socrático português diga aos seus cidadãos para se juntarem na embaixada para uma sessão de esclarecimento(?); a ONU ainda nada disse ( e na sua missão estão cerca de 12000 refugiados); e alguém já ouviu alguma coisa ao Alto-Comissário para os Refugiados, o senhor eng. António Guterres, (fala-se que, nas montanhas, já estão refugiados mais de 70000 pessoas, qualquer coisa como 70% da população de Dili).

Pois, no meio de tanta estranheza, pergunta-se como pode o país sobreviver mais pobre da Ásia-Oceania e, todavia, com uma das maiores riquezas minerais em exploração – o petróleo.

Talvez o grande problema seja este mesmo.

A distribuição da riqueza do país. Num lado estão os australianos com parte de leão; do outro uma elite política que não se preocupa em mandar forças militares atirarem contra a população, desde que àqueles chegue o bolo principal do remanescente petrolífero e o possa aplicar em títulos de tesouro norte-americanos.
A população que fique com os fragmentos do pouco, ou quase nada, chegado.

“Queremos um país democrático e não um país do comunismo. Queremos justiça”; assim clamam aqueles que fugiram para as montanhas.

A comunidade internacional não precisa de uma nova Somália.

É altura de atacar profundamente os verdadeiros problemas sociais de Timor-Leste e colocar à disposição da sua população os benefícios que o petróleo poderá trazer.

Senão, quo vadis povo Maubere?


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