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Filhas do Presidente da República anónimas na Universidade de Coimbra
- 17-May-2003 - 14:24
Como anónimas estudantes, as irmãs Sara e Indira Pires vivem numa residência da Universidade da Coimbra, comem nas cantinas e vão a pé para as aulas, em nada mostrando serem filhas do Presidente da República de Cabo Verde.
Por Maria do Céu Sérgio
da Agência Lusa
Têm também como ponto privilegiado de convívio o bar da Associação Académica, e julgam que apenas os seus colegas cabo- verdinos conhecem a identidade do seu pai, Pedro Pires, um destacado companheiro de Amílcar Cabral na luta armada pela independência da Guiné-bissau e Cabo Verde.
E passam praticamente anónimas entre a massa dos estudantes universitários de Coimbra, como se essa marca da história não lhe perturbasse os passos, de filhas daquele que foi o primeiro-ministro de Cabo Verde desde a independência, em 1975, e até 1991, e desde Março de 2001 o terceiro Presidente da República daquele país lusófono.
As duas jovens - Sara, de 25 anos, e Indira, de 22 - estão a licenciar-se numa das mais antigas universidades do mundo e confundem-se, na pacata cidade do Mondego, com os milhares de colegas de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que fizeram a mesma opção.
"Faço o possível para que as pessoas não saibam. Quero passar por uma estudante normal", explicou à Agência Lusa Sara Pires, que frequenta o 2º ano da licenciatura de Relações Internacionais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
A sua irmã, Indira, finalista da Faculdade de Direito da universidade multissecular, alega que são "duas estudantes normais", que fazem tudo o que os outros alunos fazem, estudando e ocupando os tempos livres em ocasionais idas à discoteca, a espectáculos ou a convívios.
No entanto, apesar desta tentativa de passarem despercebidas, já estão habituadas à responsabilidade de serem filhas de Pedro Pires, e têm o cuidado de "não fazer nada que pudesse pôr em causa" elas próprias ou os pais, sublinha Indira.
Acham interessantes as tradições académicas de Coimbra, mas confessam que não lhes dizem muito. Sara nem possui o traje tradicional dos estudantes, e Indira usou o seu apenas duas ou três vezes. Aderem, sobretudo, aos concertos das "noites do parque", da Queima das Fitas.
Preferem outra dimensão da vida estudantil, a que passa pelos festas em "repúblicas", onde, num "convívio muito interessante", encontram pessoas de culturas diversas, conversam e ouvem música alternativa.
Ao longo da estadia em Coimbra as amizades foram feitas sobretudo entre colegas cabo-verdianos, com quem falam quase sempre em crioulo, mas também fizeram amigas entre as jovens portuguesas.
Prestes a concluir a licenciatura em Direito, e a abandonar Coimbra, Indira Pires confessou à Lusa que o seu sonho é regressar ao seu país natal, Cabo Verde.
"Planos não me faltam. Vendo como a Cidade da Praia está a crescer, gostaria de trabalhar no sector público", afirmou, expressando também vontade em experimentar o voluntariado, eventualmente em Timor-Leste, uma causa que sempre a motivou.
Sara Pires, por seu turno, exprime o desejo de que o diploma em Relações Internacionais a habilite a representar o seu país numa organização internacional.
Invoca um "espírito de ajudar o outro" que orienta a sua família, desde os avós (que foram enfermeiros) aos pais, para explicar este seu objectivo.
Em relação à sua estadia na cidade estudantil portuguesa confessam que está a ser uma experiência de vida que as ajuda a amadurecer.
"Houve muitas coisas boas, conheci muitas pessoas, cresci, adquiri uma certa facilidade em lidar com as coisas e resolver os meus problemas sozinha", relatou Indira.
Também Sara faz um balanço positivo, frisando a vantagem de se poder comparar duas realidades diferentes (a cabo-verdiana e a portuguesa).
"É bom conhecer o que é diferente e contactar com pessoas de várias nacionalidades, sobretudo dos PALOP", sintetiza Indira Pires, que encontrou, contudo, da parte dos portugueses, uma "certa dificuldade em lidar com a diversidade".
"Quando os portugueses vão a Cabo Verde são muito bem tratados, mas nós já ouvimos frases do género ®Vai para a tua casa¯", adiantou Indira.
Quando abandonarem Coimbra para regressar a Cabo Verde não vão levar o cartão de sócias da Académica - um dos principais elos que liga os antigos estudantes à cidade -, porque desde pequenas são adeptas do Futebol Clube do Porto, mas vão recordar esta estadia como uma "fase fundamental" das suas vidas.
"A entrada em Coimbra [a Sul, junto ao Rio Mondego] parece um postal ilustrado", refere Indira Pires, antecipando as saudades da cidade, já que, no próximo ano, deverá regressar a Cabo Verde e "vestir de novo a pele" de filha de uma figura história deste país africano.

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