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Novo director-geral quer acabar com indiferença da comunicação social
- 30-Jan-2008 - 18:24
O novo director-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o guineense Hélder Vaz, quer acabar com a "indiferença" da comunicação social em relação à lusofonia, para chegar aos cidadãos dos "oito".
Hélder Vaz, que toma posse na quinta-feira como primeiro director-geral da CPLP, cargo que substitui o de secretário-executivo adjunto até agora desempenhado pelo embaixador português José Tadeu Soares, pretende mobilizar a comunicação social em torno da comunidade lusófona.
"Penso que a lusofonia é uma responsabilidade comum dos cidadãos e das instituições, mas também dos órgãos de comunicação social. Uma das minhas intenções é mobilizar a comunicação social para que faça parte da CPLP", afirmou à Lusa o ex-ministro guineense Hélder Vaz, em contacto telefónico.
O "apoio" da comunicação social é, afirma, fundamental para alcançar a "visibilidade" que têm por exemplo a Commonwealth britânica e a Francofonia.
"Terá de ser através da comunicação social que chegamos ao público em geral, não há outra forma. As pessoas hoje têm uma percepção clara de que a União Europeia é uma comunidade a que pertencem, mas estão longe de ver a CPLP enquanto tal", defendeu.
" preciso que a lusofonia se sinta partilhada, que os cidadãos se sintam lusófonos. Por exemplo, se houvesse liberdade de circulação em todo o espaço lusófono, as pessoas sentir-se-iam de facto parte de uma comunidade. Mas como é irreal implementar isto neste momento, há que encontrar outras maneiras", referiu.
Exemplo destas novas "maneiras", refere, são os projectos em andamento para a criação de um regime de protecção consular comum aos "oito" países-membros e também de um novo estatuto do estudante lusófono.
"O progresso dos laços da lusofonia é do interesse de todos nós. É preciso pôr em prática estratégias e acções para que na vida de cada cidadão isso se traduza em benefícios concretos", afirmou Hélder Vaz, que transita da UCCLA - União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas, onde era assessor do Presidente e Coordenador do Departamento de Relações Internacionais.
A decisão de pôr fim ao cargo de secretário-executivo adjunto foi tomada na Cimeira de Bissau, em Julho de 2006, com o objectivo de dar ao "braço direito" do secretário executivo Luís Fonseca um perfil menos político e mais operacional.
Segundo Hélder Vaz, o director-geral terá em primeiro lugar de executar "o conjunto vasto de decisões" saídas dos principais fóruns da comunidade, como as cimeiras e os conselhos, mas não abdica de tomar iniciativas.
"Compete ao director-geral propor iniciativas aos Estados-membros", afirmou hoje à Lusa.
Entre as principais competências do director-geral está, seguindo os estatutos da CPLP, acompanhar a preparação do orçamento e a sua execução.
É ainda responsável por preparar e coordenar a realização de reuniões, bem como acompanhar a execução dos projectos da responsabilidade do secretariado, além de assegurar a gestão administrativa e patrimonial do secretariado.
Hélder Vaz afirma-se motivado para assumir o cargo e apenas contrariado pelo facto de "ter de discursar" na cerimónia de tomada de posse, na quinta-feira.
"Acima de tudo, sou um militante da lusofonia. Sempre foi uma causa para mim, mesmo quando era um complexo para outros", afirma.
Recorda que a seguir à independência e na década de 80 alguns ouviam-no falar publicamente da lusofonia e aconselhavam-lhe moderação.
"Sou um produto da lusofonia, no que de bom e de mau tem. Tenho a cultura da Guiné-Bissau, o meu país de origem, portuguesa, mas também a de Angola ou do Brasil. Conheço pessoas de todos estes países, e penso que percebo a sua maneira de pensar", disse hoje à Lusa.
Hélder Vaz, 45 anos, é licendiado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa (1984) e mestrando em Administração e Gestão Pública, dominante "desenvolvimento económico local", na Universidade de Albany, nos Estados Unidos.
Foi deputado da Assembleia Nacional da Guiné-Bissau, presidente do Grupo Parlamentar da RGB-MB (Resistência da Guiné-Bissau - Movi Movimento Bafatá) e mais tarde presidente do mesmo partido.
O ponto alto da sua carreira política deu-se em 2000, quando assumiu o cargo de ministro de Estado e da Economia e Desenvolvimento Regional no primeiro Governo de Coligação constituído no seguimento da crise político militar na Guiné-Bissau.
Após a extinção do RGB e uma derrota nas eleições legislativas de 2004, às quais se candidatou numa grande coligação de partidos da oposição, Hélder Vaz abandonou a política activa e regressou a Portugal.
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