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Ramos-Horta diz que «só os teólogos» podem explicar ele estar vivo
- 17-Apr-2008 - 15:38
A sobrevivência ao atentado de 11 de Fevereiro "só pode ser explicada pela teologia", afirmou hoje o Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, numa entrevista à agência Lusa e RTP em Díli.
"É algo que só os bispos e Sua Santidade (o Papa) ou os teólogos podem explicar", respondeu José Ramos-Horta quando questionado sobre a leitura que faz, como homem religioso, ao facto de ter sobrevivido.
O Presidente timorense regressou hoje a Timor-Leste, depois de mais de dois meses de recuperação em Darwin, Austrália.
"Eu estava entre a vida e a morte. Eu estava no lado da vida e numa questão de minutos podia passar para o outro lado", declarou José Ramos-Horta na sua primeira entrevista depois de regressar ao país.
"No pesadelo, no sonho, eu vi duas ou três pessoas, cujos rostos eu não reconhecia, a tentar asfixiar-me de morte", contou o chefe de Estado na sua residência nos arredores de Díli, onde aconteceu o tiroteio de 11 de Fevereiro.
Esses rostos, explicou José Ramos-Horta, "tentavam, depois paravam".
"Eu, a dada altura, perguntei: 'Pelo menos, digam que mal eu fiz'. Nessa altura, uma voz veio, (uma) voz muito de autoridade. A voz disse: 'Larguem-no! Ele não fez mal a ninguém'", acrescentou o Presidente.
"Foi o momento em que eu já não estava no perigo de morte", concluiu José Ramos-Horta.
A 11 de Fevereiro, o chefe de Estado timorense foi atingido a tiro com gravidade, assistido na clínica australiana que apoia as Forças de Estabilização Internacionais (ISF) em Díli e transportado depois para o Hospital Real de Darwin.
As balas desfizeram a parte inferior do pulmão direito, cortaram duas costelas no ponto em ligavam à coluna vertebral, afectaram dois nervos importantes na região abdominal e causaram feridas nas costas que exigiram múltiplas intervenções cirúrgicas.
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