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Morre aos 88 anos no Rio de Janeiro o mais antigo exilado português
- 15-May-2009 - 18:22
O mais antigo exilado político português no Brasil, o escritor Edgar Rodrigues, de 88 anos, morreu na noite de quinta-feira no Rio de Janeiro.
Edgar Rodrigues era o mais antigo exilado português vivo ainda residente no Brasil e que, durante a sua trajectória de militância, participou dos movimentos anarquistas brasileiros.
Segundo a sua neta de 31 anos, Renata Correia Hespanhola, “ele é um grande exemplo de vida e de pessoa que lutou pela liberdade”.
“É muito difícil, a dor é grande, mas ele estava com 88 anos muito bem vividos”, disse à Lusa a neta brasileira.
O funeral estava previsto para hoje no Rio de Janeiro, mas a pedidos do próprio Edgar Rodrigues que deixou uma certidão em cartório, seu corpo será cremado sábado às 11h no Brasil (15h em Portugal).
António Francisco Correia, cujo o pseudónimo é Edgar Rodrigues, nasceu em Angeiras, Portugal, em 1921 e exilou-se no Brasil em 1951 ao ser perseguido pelo Estado Novo.
Para além de sua militância nos meios anarquistas brasileiros, Rodrigues colaborou com sectores oposicionistas portugueses exilados no Brasil em apoio ao general Humberto Delgado, fundador da Frente Portuguesa de Libertação Nacional.
Na década de 60 fundou a Editora Mundo Livre e, desde então, já havia publicado mais de 40 livros.
Uma de suas últimas obras foi “Lembranças Incompletas” (2007), que aborda a trajectoria de militância do escritor desde a adolescência, em Portugal, a partir de 1939, até à chegada ao Brasil. Esta foi a primeira vez que um militante anarquista escreveu e publicou as suas memórias em vida no Brasil.
A 28 de Dezembro do ano passado, Edgar Rodrigues foi homenageado pelo consulado geral de Portugal do Rio com a medalha da “Associação 25 de Abril”, pelo luta desenvolvida em prol da liberdade.
O então embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, disse na época que ele representa “uma figura política e intelectual, guardião de valores sociais”.
Em 2002, o Museu República e Resistência, em Lisboa, organizou uma conferência sobre a vida e obra de Edgar Rodrigues, que continua a ser referenciada em publicações anarquistas de todo o mundo.
Edgar Rodrigues deixa esposa, dois filhos e netos.
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