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Forsyth diz que foi espiado pelos EUA durante assassínios de Nino e Tagmé
- 19-Aug-2010 - 17:19
Frederick Forsyth disse, em entrevista à BBC, acreditar que o computador de sua mulher foi alvo de um ciber-ataque dos serviços secretos norte-americanos durante a estada do autor na Guiné-Bissau, no período dos assassinatos de líderes guineenses.
O chefe das Forças Armadas guineenses, o general Tagmé Na Waié, e o presidente João Bernardo “Nino” Vieira, foram assassinados respectivamente nos dia 1 e 2 de Março de 2009.
O escritor - que deu a entrevista à BBC na quarta-feira - escreve uma coluna para o Daily Express e pensou que seria bom avisá-los sobre o que se estava a passar na Guiné-Bissau, pois estava lá na altura dos assassinatos.
Forsyth não usa computadores ou telemóvel, mas ditou cerca de 1.000 palavras sobre o assunto por telefone.
“Infelizmente, o serviço de inteligência norte-americano interceptou (a comunicação) e a minha esposa perdeu os dados que estavam na tela do computador”, indicou.
Forsyth não tem nenhuma prova concreta para essa afirmação.
O escritor suspeita de crime, já que quando voltou para a sua fazenda em Berkshire, descobriu que o computador de sua mulher tinha deixado de funcionar.
O autor alega que suas suspeitas foram confirmadas pelas suas fontes, que chama “amigos de lugares baixos”.
“Tudo lá (Guiné-Bissau) é interceptado, provavelmente pela Agência de Segurança Nacional, em Fort Meade, em Maryland, e eu penso que a minha reportagem acabou algures numa mesa em Fort Meade," sublinhou.
Forsyth considera que os serviços secretos pensavam que poderia estar envolvido na tentativa de golpe na Guiné-Bissau, de alguma forma, porque tinha experiência anterior na região e tinha escrito sobre um golpe de Estado fictício na Guiné-Equatorial no seu livro em “The Dogs of War”.
Além disso, Forsyth tinha discutido detalhes de um golpe de Estado real em 1973 com alguns conspirados, dando-lhes dinheiro.
O golpe nunca se materializou e os participantes foram presos antes deste acontecer.
Frederick Forsyth, que foi à Guiné-Bissau em 2009 para realizar pesquisas para o seu mais recente livro - chegou ao aeroporto de Bissau no meio da noite e soube que o general Tagmé Na Waié tinha sido assassinado.
"Felizmente, fui recebido por um homem maravilhoso que vivia ali, mas no espelho retrovisor do automóvel, a caminho do hotel, havia um brilho de luz no horizonte - era o Exército que vinha à cidade para vingar a perda do seu general", lembrou.
Já no hotel, o escritor não conseguia dormir e estava a ler quando ouviu uma explosão.
Haviam jogado uma granada na residência do presidente guineense, que ficava a 500 metros do local onde o escritor estava hospedado.
Quando Forsyth saiu no dia seguinte para ver o que havia acontecido, ouviu dizer que o presidente Nino Vieira cambaleou para fora dos escombros da casa e foi despedaçado até a morte com golpes de catanas.
O escritor tem 71 anos de idade e começou sua carreira como correspondente estrangeiro para a Reuters e para a BBC, antes de dedicar-se a escrever ficção.
"O desejo de investigar nunca nos abandona", referiu ainda Frederick Forsyth.
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