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  Entrevista
Não acredito que haja na UNITA quem queira manifestar-se contra mim
- 3-Jun-2011 - 17:31


Só a Comissão Política da UNITA poderá decidir, no congresso a ser realizado no final do ano, quem poderá ombrear com o líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, nas próximas eleições. Tudo indica, a julgar pelas suas próprias palavras, que será Isaías Samakuva que, na entrevista que se segue, diz que o partido por si dirigido está a montar a sua máquina eleitoral. Revela, entre outras coisas, que o «Galo Negro» está a montar a sua máquina eleitoral e, como não poderia deixar de ser, bate na «tecla» da instituição de uma Comissão Nacional Eleitoral Independente para que as eleições possam ser livres, justas e transparentes.


Mais: apela que se clarifique o papel desta Comissão e do Ministério da Administração e Território (MAT). Para além da vida interna da UNITA, Isaías Samakuva passou em revista a situação política, social e económica do país.
Por Jorge Eurico e Adriano de Sousa





Semanário Angolense (SA) -Pouco depois da publicação dos resultados das eleições de 2008, a UNITA denunciou publicamente uma serie de supostas irregularidades. O que é o que o seu partido está a fazer para acautelar anomalias do género no próximo pleito, marcado, em princípio, para 2012?

Isaías Samakuva (IS) - Não há dúvidas de que, na nossa maneira de ver, as duas eleições que Angola conheceu foram conduzidas no sentido de privilegiar apenas um partido, que, por sinal, controla a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a logística e até o próprio sistema de escrutínio. Isto permite que ele se atribua o melhor resultado e o pior para as outras forças políticas.

SA - Este é um problema identificado pela UNITA. Qual seria a solução?

IS – Precisamos de ter, nas próximas eleições, uma Comissão Nacional Eleitoral Independente, com funções devidas e claramente estabelecidas. Há que estabelecer fronteiras entre o papel do Ministério da Administração do Território (MAT) e o da Comissão Nacional Eleitoral. Se o MAT encarregar-se, por exemplo, do manuseamento do Registo Eleitoral, toda a administração eleitoral deve ser da responsabilidade da Comissão Nacional Eleitoral Independente. Há aqui uma coisa que tem que ser clara: a Comissão Eleitoral tem de ser independente do Executivo, pois o Governo é parte interessada no processo e deve participar nele em pé de igualdade com os outros partidos. Isto é muito importante. Por outro lado, a contagem, o escrutínio e até o processo de recolha de dados deve estar completamente a cargo da Comissão Nacional Eleitoral Independente.

SA – Com uma Comissão Nacional Eleitoral Independente, como defende, será desnecessário o concurso da Casa Militar do Presidente da República?

IS – Nas eleições de 2008, criaram-se dificuldades de toda sorte para justificar a necessidade de intervenção da Casa Militar do Presidente da República. Estava tudo programado.

SA - Dificuldades de que ordem?

IS – Por exemplo, o processo de distribuição de boletins de votos e a sua administração foram deliberadamente dificultadas. Os boletins de voto deveriam ter sido distribuídos de manhã, mas tal só aconteceu no período da tarde. Houve casos em determinados zonas do país em que, no primeiro dia, não se distribuíram boletins de votos.

SA - A UNITA está preparada para as próximas eleições?

IS - Estamos a montar a nossa máquina de fiscalização e de monitorização de formas a que esses actos todos não voltem a acontecer.

SA - De que forma é que esta máquina iráfuncionar?

IS - Não posso, como deverão compreender, revelar os detalhes.

SA – Vai ombrear com José Eduardo dos Santos nas próximas eleições?

IS - Os estatutos da UNITA estabelecem que o presidente representa o partido nas questões de matéria eleitoral. Estamos a preparar o nosso congresso e esta é uma matéria que será decidida, de forma soberana, pelos congressistas.

SA - Quando é que pensa, concretamente, realizar o congresso, uma vez que se diz que o timing para este conclave ésegredo exclusivo do presidente da UNITA?

IS - A UNITA, de acordo com os estatutos, realiza os seus congressos ordinários de quatro em quatro anos, mediante convocação do presidente e ouvida a Comissão Política. Logo, não é verdade que é o timing estabelecido para o próximo congresso seja segredo exclusivo do presidente do partido.

SA - Mas existe um timing já definido para o congresso?

IS - O timing está definido. Primeiro aspecto: o presidente precisa de ouvir o pronunciamento da Comissão Política. Segundo aspecto: é preciso saber que sempre que a situação o justifique, no intervalo de dois congressos, o presidente pode convocar um congresso extraordinário. Apresentei à Comissão Política a necessidade de convocar o congresso, precisamente porque decorreram já quatro anos. A Comissão Política reúne-se uma vez por ano. E a última reunião de órgão é aquela que abrangeria este período até à realização do congresso. Vamos fazer quatro anos em Junho, desde o último congresso. A reunião da Comissão Política, realizada em Setembro do ano passado, é que teria de decidir sobre isso. Mas ela achou que não havia condições materiais, nem políticas para a realização do congresso na altura. Por conseguinte, devíamos trabalhar no sentido de reunir estas condições para se realizar o conclave. Ora, estamos agora em Junho e neste último semestre o país registou inúmeras alterações políticas. E na minha maneira de ver, os fenómenos políticos ocorridos no último semestre precisam de ser analisados numa reunião magna, que, na minha maneira de ver, devia ser no congresso. Por isso mesmo, a Comissão Política vai voltar a debater este assunto. Há a necessidade de se analisar essas situações a que já me referi. Felizmente, o Comité Permanente concordou. Por isso, na próxima reunião da Comissão Política vamos voltar a discutir o assunto. Espero que os membros da Comissão Política subscrevam a sugestão que estamos a fazer.

SA - Numa só palavra: Quando é que termina o seu mandato?

IS - Quando se fizer o congresso.

SA – Segundo o último comunicado da Comissão Política do seu partido, o congresso será realizado no final do ano, mas o seu mandato termina dentro de alguns dias. Até lá, com que legitimidade vai conduzir os destinos da UNITA?

IS – Está tudo nas mãos dos membros da direcção do partido. Cabe a eles tomarem a decisão. Mas, permitam-me recorrer à História da UNITA. Nós temos 40 anos de existência e já realizamos dez congressos. Esses congressos foram feitos sempre que possível, de quatro em quatro anos. Mas houve anos em que se realizaram sempre antes ou depois, às vezes atrasados ou antecipados. Portanto, o estatuto da UNITA não estabelece que o mandato termina no dia X ou Y. O congresso deve ser realizado de quatro em quatro anos, depois de ouvida a Comissão Política. Procurei ouvir a Comissão Política na devida altura, porque é minha convicção de que em Julho deveríamos realizar o congresso. Mas não vou realizar o congresso sozinho. Vamos realizá-lo com os membros do partido e com a aprovação da Comissão Política.

SA - Está consciente de que a partir de Julho perde legitimidade?

IS – Por mim, realizaria o congresso jáno próximo mês de Julho.

SA - Então tem consciência de que o seu mandato perde legitimidade nos próximos dias?

IS - Fui para o nono congresso onde fui eleito pela primeira vez com 80% de votos e mesmo com esta percentagem sempre fui contestado. Uma contestação de uma minoria de militantes que nunca parou.

SA - Está a confirmar a existência de tendência que se querem manifestar contra a actual direcção da UNITA?

IS - Não acredito que haja, na UNITA, quem queira fazer manifestação contra o seu presidente. Não acredito. Se vierem de fora, naturalmente que assim poderemos ter. Mas não acredito que no seio da UNITA haja esta tendência. Não acredito nisso e nem me preocupa. Agora, que haja gente que queira organizar esta manifestação, naturalmente que compreenderei. Isto é política. Se essas tendências preocupam alguém, este alguém não sou eu. Mas, como dizia, essa contestação também é legítima e até salutar. No décimo congresso fui eleito com uma maioria expressiva. Mas houve sempre a contestação, que é legítima. Se há vinte e tal porcento que não concorda comigo, é legítimo que continue com a sua oposição. Agora, na última reunião da Comissão Política, o meu desejo de realizar o congresso em Julho próximo foi contrariado por uma maioria. Setenta por cento dos membros são a favor da realização do próximo congresso tão logo as condições o permitam. Se por um lado preciso que se realize o congresso para se escolher outra pessoa para manifestar o apoio à minha pessoa, a verdade é que caberá à Comissão Política decidir sobre isso. Se a Comissão Política diz que ainda não existem condições para a realização do próximo congresso, então eu não tenho como fazer. Não tenho que contrariar a decisão deste órgão do partido.

«Manta de retalhos? Longe disso»

SA - Oito anos a dirigir a UNITA. Hoje ela está mais unida ou continua a ser uma manta de retalhos, como já chegaram a rotulá-la?

IS - Se se comparar ao ano de 2003, quando assumi as minhas funções, penso que os sentimentos hoje são diferentes. Quando assumi a presidência da UNITA, havia militantes que diziam que poderiam abandonar o partido e dedicar-se a outras ocupações. Hoje vejo que estas mesmas pessoas têm confiança na UNITA e, apesar de todas dificuldades, acham que estamos no bom caminho. As pessoas diziam que havia a UNITA externa e a UNITA interna, sendo esta a que estaria a vir da guerrilha. Isso hoje acabou. Esse trabalho não foi da vigência de Samakuva, começou já com os meus colegas que trabalharam no sentido de acabar com essa percepção de haver essa manta de retalhos. Creio que essa ideia de manta de retalhos hoje não existe. Haveráaqueles que confundem a diferença de opiniões sobre determinadas matérias, que ésalutar, como sendo divisão. Nós, na UNITA, consideramos que essa diferença de opiniões fortalece a nossa organização. Portanto, do meu ponto de vista, acho que a UNITA hoje é uma organização coesa, que tende ainda a consolidar cada vez mais esta coesão e que já não se pode considerar de forma nenhuma uma manta de retalhos. E devo acrescentar que tanto assim é que na última reunião da Comissão Política, que agora terminou, verificamos que nos últimos seis meses, houve uma adesão massiva de angolano à UNITA.

SA - A nível de Luanda ou do país inteiro?

IS - De Luanda e das outras províncias.

SA - Mas isso contraria a informação segundo a qual no leste do país, nomeadamente nas Lundas e no Moxico, a UNITA tem estado a perder militantes para o PRS.

IS - Posso mostrar-lhes imagens recentes da minha viagem às Lundas (Norte e Sul). Ainda não registei tanta adesão àUNITA, por toda parte onde tenho passado, a que encontrei nas Lundas (Norte e Sul) e no Moxico.

SA - Ao longo do seu consulado, a UNITA cresceu ou decresceu?

IS - Em termos de finanças, devo dizer que temos estado a trabalhar no sentido de ultrapassar as dificuldades com que nos debatemos, mas devo dizer também que estamos no bom caminho. Não é um exercício fácil, mas creio que os resultados vão surgir.

SA - O programa eleitoral apresentado pela UNITA, em 2008, dava uma atenção especial a questões sociais. Será assim também em 2012?

IS – Não vamos mudar a nossa vocação, que é social e socializante. Para nós, é importante ir ao encontro das necessidades do cidadão e resolvê-las. A vida é sobretudo material e o cidadão deve sentir que aqueles que dirigem o país se preocupam com as necessidades que lhe tocam directamente. Estas necessidades são a Educação, a Habitação, a Saúde, o Emprego que lhe permite ter rendimentos e desta forma a ajudar-lhe a resolver diferentes problemas com que se deparam no dia-a-dia. Esta vai ser e tem de ser a base da nossa linha eleitoral.

«Se a UNITA fosse Governo
não haveria problemas de energia»

SA – Caso a UNITA vença as próximas eleições, de que forma pensa resolver as situações que, dia-a-dia, afligem os cidadãos?

IS – Os cidadãos poderão ver resolvidas, num curto espaço de tempo, as dificuldades que têm, por exemplo, a nível da Educação. Não se compreende que, com os rendimentos que o país tem, aqui mesmo na capital, haja dezenas de milhares de crianças fora do Sistema de Ensino ou com condições bastante lamentáveis nas suas escolas.

SA – Isso acontece porquê?

IS - Embora oiçamos todos os dias membros do Executivo a dizer que vão resolver os problemas, a verdade é que se sairmos agora para qualquer bairro de Luanda, vamos encontrar problemas básicos. Escolas em que ainda não há carteiras, escolas em que os professores não ganham devidamente, escolas em que não há condições de saneamento. No ano passado, efectuei uma visita aos municípios de Luanda e havia uma escola, por sinal muito bonita por fora. Essa escola ministrava o curso de Electricidade, mas não tinha electricidade há três meses. Ministrava o curso de Informática e não havia electricidade havia três meses. Como é que alguém que segue o curso de Informática vai aprender se os computadores só trabalham com energia eléctrica (risos)?

SA - Na sua opinião, é anacrónico falar-se do relançamento da Indústria num país onde não há energia eléctrica?

IS - E não é só nesse aspecto. Esse é um dos aspectos que se a UNITA fosse governo procuraria corrigir. É bom, muito bom, por exemplo, ter arranha-céus. Mas é preciso que esses arranha-céus tenham energia, água e as mínimas condições para funcionarem. Estes prédios são construídos para depois as senhoras subirem com bacias de águas à cabeça para poderem tomar banho. Os prédios são construídos para depois estarem cheios de geradores energia, que poluem o ambiente. Se assim é, então é melhor optarmos por outro tipo de construção. Mas voltando à Educação. Há questões básicas que já deveriam ter sido resolvidas pelo Executivo. Penso que háfundos suficientes para isso, mas não há vontade política. É bom, de facto, aparecermos com muitas escolas construídas, mas algumas delas não têm professores, não funcionam mesmo. Também vemos isso pelo país adentro em que as escolas foram construídas para serem apresentadas na televisão, mas essas escolas não têm professores e quando os tem às vezes não tem carteiras. E quando tem professores e carteiras, os professores ganham mal. Então, desta forma, os alunos vão à escola apenas à quarta-feira. Há localidades onde encontramos lamentações de que os alunos estudam terça, quarta e quinta-feira de manhã, porque o professor, não tendo condições na área onde ensina, éobrigado a viver na cidade, onde tem a sua casa. Então fica na cidade atésegunda-feira a tarde, aparece na escola apenas na terça-feira de manhã, ensina na terça-feira, quarta-feira e quinta-feira de manhã está de regresso à cidade, porque na localidade onde está escola não tem condições. Portanto, essas questões, parecendo que não, afectam, não só o Sistema de Ensino em si, mas sobretudo a qualidade dos quadros que são formados nessas condições.

SA – Então para si o desenvolvimento de que se fala para um horizonte temporal de 10/15 anos do país é um exercício de mera retórica?

IS - Muitas vezes constroem-se as estradas para um período de um, dois anos. Depois deste tempo, ela começa a ter buracos outra vez. Mas quando temos estrada feita, pensamos que andamos para frente. Mas o país não são só estradas. O país não é só prédios. O país são os homens, o capital humano. Esse é que deve ser desenvolvido de uma forma sólida para poder manter o nível de desenvolvimento abrangente e sustentável.

SA - A crise económica e financeira internacional foi o entrave para o incumprimento das promessas eleitorais feitas pelo MPLA?

IS – A crise financeira prejudicou e fez com que determinados planos do Executivo fossem alterados. Não só em Angola, mas com em muitos países do mundo. Mas esta crise não pode ser desculpa eterna. Se, por um lado, estamos a dizer que o país recuperou rapidamente da crise, então há condições de recuperar também o atraso verificados nalgumas obras e nos programas do Executivo. Esta a dizer-se hoje que a crise passou, mas hs obras paradas. Os problemas estão a surgir agora, de modos que muitas vezes somos levados a questionar: Qual é a razão real destas paralisações. Não será que a crise está a ser agora pretexto para se justificar todos os desaires, mesmo aqueles que não dependem da crise? É uma pergunta que colocamos permanentemente.

SA – A Zona Económica Especial (ZEE) recentemente inaugurado é um grande ganho para a nossa economia?

IS - Desde a adopção do Sistema Multipartidário no nosso país que saímos de uma de economia centralizada para um sistema de economia de mercado livre, mas eu digo que isto é aparente. Na minha maneira de ver o sector privado que, em toda a parte do mundo, deve ser o motor dinamizador da economia, aqui o sector privado ainda é muito tímido. Tudo que acontece, ainda acontece dependendo do Executivo. Está tudo centralizado. Mesmo os investimentos que se fazem, na sua maioria, não são investimentos do sector privado. São investimentos ainda feitos pelo Executivo. Daí que, se, por um lado, parece que estamos num sistema de economia de mercado livre, na pratica nós ainda nos comportamos como desenvolvendo uma economia baseada no sistema centralizada. Daí que todos empreendimentos que surgem acabam sempre por ser nados-mortos. Mas também isso suscita outra preocupação. Parece que estamos a reforçar o sistema patrimonialista e clientelista, porque criam-se estes empreendimentos, vimos sua excelência O Senhor PR a inaugurar a Zona Económica Especial (ZEE), e se calhar daqui a mais dois ou três anos será privatizada. Ou seja, aquilo que é público passará a ser propriedade privada. Como, entretanto, não tem capacidade de gestão suficiente para manter aquilo que foi iniciado pelo Executivo, vai acabar por sucumbir. Temos o exemplo do «Nosso Super» que em quase em toda parte do país parece estar às moscas. Nada nos garante que, daqui a algum tempo, a ZEE não venha a ser privatizada em favor de pessoas da conveniência política do partido que sustenta o Executivo. É importante que o Executivo reveja este seu comportamento. O Executivo deveria criar oportunidades para os privados. Os angolanos são capazes, têm uma capacidade empreendedora muito grande, mas não têm oportunidades. Os créditos vão para pessoas de famílias que não têm competência para gerir, nem vocação para isso. E aqueles que têm essa vocação, capacidade e vontade de trabalhar não têm essas oportunidades. É preciso, primeiro, que haja vontade política de se deixar esse Sistema, que continua a ter características de uma economia centralizada.

MCS não tem razão de existir

SA - As liberdades até aqui conquistadas pelos angolanos estão ameaçadas?

IS - Não há dúvidas. O povo angolano fez uma luta de décadas para a conquista destas liberdades. Tem feito progressos, mas mais também retrocessos na sua caminhada para conquista total dessas liberdades. É assim que depois de se instalar o Sistema Multipartidário todos estavam esperançados que iríamos registar alguns progressos. Vamos ter que reconhecer que houve alguns passos positivos que foram dados. Surgiram jornais privados. Só que, depois de alguns anos, estamos a ver que os jornais privados, que tinha surgido, estão agora a desaparecer. Estão a ser comprados, estão a ser agora adquiridos por pessoas não identificadas.

SA – Estão a ser comprados com que propósito?

IS - Certamente com o propósito de limitar essa Liberdade de Expressão, que já tinha sido conseguida. Os jornalistas, em si, têm sido perseguidos, ameaçados. Aquela liberdade que tinha sido conquistada pelo cidadão comum, em matéria de Liberdade de Expressão, écada vez mais reduzida. E é assim que até a própria Liberdade que era atribuída a possibilidade de se formar partidos políticos, não se faz sentir. Os partidos políticos não conseguem exprimir as suas ideias de forma livre, de uma forma aberta precisamente porque há esta vontade de limitar cada vez mais esta liberdade já tínhamos adquirido. Vimos como consequência a violação sistemática destas liberdades consagradas na Constituição vigente na República de Angola. Esta preocupação é grande e é acrescida agora com esta lei das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) que, no fundo, na nossa maneira de ver, visa essencialmente, tirar mais uma vez a liberdade que já tínhamos conseguido. Daí que pensamos que os angolanos, na sua generalidade, devem tomar consciência deste retrocesso, que significa a marcha pela conquista das liberdades para que mais uma vez não se deixe vencer. É importante que essa consciência seja assumida por todos e não apenas por alguns ou pelos partidos políticos. Este risco atinge-nos a todos.

SA - Faz sentido, na sua opinião, em pleno Século XXI e num Estado que se quer de Direito democrático, a existência de um Ministério da Comunicação Social?

IS – Não, não faz. A UNITA tem um secretariado de Comunicação e Marketig, que, fim ao cabo, tem como objectivo apenas divulgar a nossa maneira de ver sobre os acontecimentos que o país vive. Os países democráticos que conhecemos, não têm nenhuma área de responsabilidade que, a nível do Executivo, se ocupe da coordenação dos órgãos de Comunicação Social.

SA – Defende a extinção do Ministério da Comunicação Social?

IS - Não tem razão de existir.

SA – Haveria um vazio...

IS – Defendemos a instituição da Alta Autoridade para Comunicação Social, que iria procurar dirimir os conflitos que pudessem surgir entre os diversos meios de comunicação social, os cidadãos e as leis estabelecidas. Significa que, se, por exemplo, uma rádio ou um jornalista levasse a cabo uma acção que criasse alguma situação de conflitualidade com o cidadão, este pudesse ter formas de se defender e vice-versa. Recordo-me que na França e Inglaterra, por exemplo, se um órgão de Comunicação Social publicar uma matéria que fira os interesses do cidadão ou do próprio Estado, há uma Alta Autoridade com um Código de Conduta próprio que se encarrega de dirimir esse conflito.

SA - E o Conselho Nacional da Comunicação Social onde vocês estão representados não tem serventia?

IS – Tenho dito que em Angola há uma democracia tutelada. Aparentemente estamos todos representados nesses órgão. Mas na realidade a nossa representação é insignificante, o princípio da igualdade não existe. Portanto, estamos representados, mas com um voto insignificante que à partida já está vencido. Então, tudo é tutelado. Quando interessa projectar que há democracia em Angola, projecta-se. Quando não interessa, a democracia morre. É essa a situação. Ao passo que esta Alta Autoridade para a Comunicação social teria representação, não só dos partidos, mas de outros sectores da Sociedade Civil. Aí poderia haver maior confiança, não só do cidadão para com este órgão e vice versa.

SA - A UNITA vai investir, proximamente, nas redes sociais da Internet?

IS - Os cidadãos precisam não só de ter conhecimentos dessas redes sociais, mas de saber manuseá-las. A Internet devia ser mais divulgada, devia ser mais acessível a um número maior de angolanos que pudessem comunicar-se entre si e não só, para que pudessem acompanhar também aquilo que se passa no mundo. Se estamos na era da globalização, é preciso que os mecanismos que existem estejam ao alcance de todos. Então, se este é o nosso desejo para os angolanos, o nosso ponto de partida é o partido. Queremos fazer uma experiencia no partido, que pode ser transformada para o país inteiro ou para a sociedade na sua generalidade.

SA - Isso para quando?

IS - Já começamos. Tivemos muito recentemente um seminário, agora os responsáveis provinciais tiveram esses conhecimentos. Vamos procurar melhorar os equipamentos que têm e os meios que possibilitam essa comunicação para evoluirmos a pouco e pouco, mas numa velocidade que nos permita estar à altura.

SA - O Vice-Presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos, tal como o senhor, também está o «Facebook». Se por ventura ele pedir-lhe amizade aceitaria?

IS - Não tenho ninguém do Executivo na minha rede de contactos do «Facebook» ou noutra rede social. Mas se isso acontecer, porque não? Já vi o vice-presidente, mas pediu para sermos amigos e eu também não.


com Semanário Angolense


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