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Serafim Marques
Os Agitadores Sociais
Há uma nau que foi, nestes últimos anos, navegando sem grande rigor.Fragilizada e desgovernada, não soube prever a tempestade e os mares difíceis para aonde acabou por rumar ou ser empurrada pelos ventos soprados pelos gigantes “Adamastores”.
Essa nau tem corrido sérios riscos e ameaças de naufragar e afundar-se, por causa das tempestades, mas também porque os timoneiros e os marinheiros não se entendem na conjugação dos esforços e dos sacrifícios necessários para a salvar e cada um tem puxado para o seu lado, apesar da ameaça que paira sobre a “nau das tormentas” de se afundar, salvando-se apenas os mais fortes. Esse naufrágio, poderá gerar ondas tipo tsunami que atingirão outras naus e cujos impactos dos estragos dependerão da sua robustez. Essa nau tem um nome e chama-se Grécia, cujas notícias e imagens que nos têm chegado assustam os países da UE, mas também de outras partes do globo, mas, acima de tudo, assusta os portugueses mais conscientes, temendo os efeitos contágio.
A nau portuguesa também navegou durante vários anos com o mesmo tipo de comandantes e tripulantes e caiu em mares turbulentos, agitados e infestados de tubarões. Contudo, a tripulação escolheu novos timoneiros para a dirigirem e que aceitaram percorrer novas rotas, concertadas e impostas pelos donos dos mares (a Troika”), pedindo a todos sacrifícios para, conjuntamente, salvarem a nau lusitana do naufrágio que a ameaça(va). Os esforços são hercúleos e podem ser discutíveis, no particular, as rotas escolhidas, mas restam poucas alternativas quanto aos fins a atingir, isto é, evitar o naufrágio e levar a nau a bom porto.
Será que os exemplos que nos têm chegado da Grécia não assustam TODOS os portugueses, independentemente dos extractos sócio-económicos ou ideologias e simpatias partidárias? Não é a Grécia um teatro daquilo que não se deve fazer em tempos de grandes ameaças à sobrevivência duma nação, por mais secular que ela seja? Apesar da terrível ameaça que paira sobre Portugal, pululam por aí muitos agitadores sociais, sejam eles políticos na reforma ou no activo, mas sem responsabilidades na governação, fazedores de opinião, responsáveis militares e religiosos, sindicalistas, etc. As suas críticas são facilmente difundíveis pelos canais de comunicação tradicionais ou pelas redes sociais e internet e, desse modo, acabam por atingir a população que assim encontra argumentos em reforço do seu descontentamento pelas opções e políticas tomadas por quem tem a difícil tarefa de governar o país, após uma dura realidade herdada dum passado “sem rei nem roque”. O povo receptor desses envenenamentos dos agitadores nem se apercebeu ainda dessa herança, culpando os actuais governantes da situação em que nos encontramos. Também ainda não entendeu que, afinal, quem manda em Portugal é a “Troika”, restando aos políticos portugueses entreterem-se com as minudências como a ponte de Carnaval, as frases “piegas”, a câmara indiscreta da televisão, etc. Os políticos destes mais de trinta anos de governação deveriam sentir vergonha desta realidade, isto é, o português só faz o que os estrangeiros mandam/impõem!
Vivemos em democracia pelo que a crítica é livre. Contudo, essas críticas provêm de muitos daqueles que já tiveram responsabilidades na (des) governação do país, pelo que (não) fizeram, mas que agora apregoam como verdades absolutas e soluções miraculosas e salvadoras. Essas “bocas”, muitas delas para satisfazerem o ego e as vaidades pessoais ou para se ouvirem a si próprios, seriam inócuas, se o povo soubesse distinguir entre os homens que fazem e os que dizem que fariam, mas não fizeram quando detiveram o poder para fazerem o que agora apregoam. Triste sina a nossa quando somos levados a pensar ou a acreditar que os melhores ministros (das Finanças - a pasta mais crítica do nosso país - mas não só) são os ex-ministros. Por que não fizeram eles o que agora defendem e criticam? Falta de coragem ou submissão ao poder partidário e dos “lobies”? Poucos foram os que bateram com a porta e saíram, por não estarem de acordo com as políticas esbanjadoras ou contra o chefe do governo (PM).
Apesar do efeito que as palavras dos agitadores (por enquanto ainda só com palavras) causam no povo que não entende as questões técnicas das opções e decisões politico-governamentais tomadas, muitos deles, com grande influência na população, parecem estar “ávidos de sangue” e de vítimas, quais abutres sedentos das desgraças dos povos manipulados por eles e que, normalmente pessoas bem instaladas na vida, se sentem frustrados porque, apesar das suas profecias, as lutas do “heróico povo grego” não tiveram (ainda) seguidores em Portugal. Que triste desilusão sentirão eles, porque uma nova revolução nunca mais começa! Assusto-me, como cidadão que também está a ser fortemente afectado pelas medidas de austeridade implementadas no nosso país, com estes arautos da desgraça, mas faço votos e tenho esperança de que os portugueses aprendam com o que se passa na Grécia e não vejam neles os exemplos a seguir e, consequentemente, não enveredem por atitudes semelhantes que só agravariam a nossa débil situação. Será que custa entender que o principal objectivo, no presente e no nosso futuro próximo, será salvar a nau das tormentas, evitando que esta se afunde, com terríveis consequências para todos nós? Então, depois de amainada a tempestade, será tempo de cada um reivindicar os seus direitos e as compensações dos sacrifícios suportados nesta árdua tarefa colectiva. Mas, estejamos atentos e não nos deixemos manipular ou instrumentalizar pelos defensores dos interesses que não servem os portugueses. É que a internet, em sentido amplo, é hoje uma forte arma de propaganda e, como tal, utilizada pelos agitadores ou pelos manipuladores e manipulados. Por exemplo, circula na internet um repto de incitamento à resistência dos portugueses contra as medidas de austeridade, dando como exemplo a luta do povo grego e com uma frase de apelo ao heroísmo dos portugueses: “Entre morrer de pé ou viver deitado, é preferível morrer”. Será assim? Se os verdadeiros heróis gregos, do seu rico passado histórico, voltassem ao país, rever-se-iam nestes actos de vandalismo destruidor?
Serafim Marques
Economista
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