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Encontro dos autarcas portugueses em França termina com nota positiva
- 29-Feb-2004 - 17:48
A maioria dos participantes no II Encontro dos eleitos portugueses e luso-descendentes nas autarquias francesas, que encerrou hoje em Paris, considerou positiva a troca de informações e experiências que o evento proporcionou.
"Foi bom porque pudemos encontrar-nos e discutir em conjunto vários problemas e ideias", comentou Paulo Teixeira, conselheiro municipal em Marly-le-Roi, nos arredores de Paris.
Todavia, para ele, a maioria dos participantes encontra-se já envolvida no meio associativo e empenhada na resolução das dificuldades da comunidade lusa, especialmente numerosa na região da capital francesa, pelo que não encontrou aqui novidades.
Já Maria Celeste Pais, conselheira municipal em Vauciennes, a norte de Paris, o encontro dos eleitos é uma "iniciativa enriquecedora", onde encontrou um "discurso de esperança" para resolver os problemas que encontra.
Autarca numa "pequena cidade" onde a comunidade portuguesa não é muito numerosa, tem notado um interesse renovado dos luso- descendentes que não aprenderam a falar português a inscrever os seus filhos, aumentando as necessidades nesta área .
O ensino de Português foi uma das questões mais levantadas por diversos eleitos, que temem que os número de cursos diminua quando o Estado português deixar de financiar a rede de professores no estrangeiro.
Presente nos dois dias do Encontro, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, incentiva estes autarcas a "tomarem a iniciativa" e a contactarem os consulados, a Embaixada e o Governo para encontrarem soluções.
"Têm de ser eles próprios a mobilizar-se", disse.
Quanto à mensagem geral de incentivo à participação política e à inscrição nos cadernos eleitorais, Cesário admite que "há ainda um caminho a percorrer para cativar mais gente", mas espera que os vários participantes "amplifiquem a mensagem".
Vítor Ferreira, conselheiro municipal em Matzenheim, no Este de França, é um dos portugueses que não esconde a sua ambição em prosseguir esta carreira e alcançar cargos com mais responsabilidade.
No entanto, apesar de ter crescido em França, tem apenas a nacionalidade portuguesa, o que o impede de candidatar-se a presidente de Câmara Municipal ou vereador, apenas acessível aos cidadãos franceses, segundo a legislação em vigor.
"A comunidade portuguesa tem de avançar e afirmar-se", defende, revelando a sua intenção de adquirir a nacionalidade francesa.
Vítor Ferreira manifestou-se ainda a favor de uma maior regularidade deste tipo de encontros, revelando a intenção de reunir- se com os eleitos de origem portuguesa da região da Alsácia e preparar iniciativas em conjunto.
Empenhado na organização deste evento, o embaixador de Portugal em França, António Monteiro, refere os constrangimentos em termos financeiros e de logística que impedem uma maior frequência.
"Mas é importante ver que a dupla pertença Portugal-França está a fazer-se sem prejuízo da identidade portuguesa e que se vê muitos jovens a interessarem-se por questões concretas ligadas a Portugal", frisou.
No encontro, que se realizou sábado e domingo numa sala do Senado francês, em Paris, participou cerca de uma centena de autarcas franceses de origem portuguesa, de um total de 221 actualmente conhecidos.
O segundo dia, que incluiu intervenções de dois autarcas franceses, do deputado social-democrata Carlos Gonçalves e do director da Cruz Vermelha francesa, Philippe da Costa, foi encerrado pelo escritor Eduardo Lourenço.
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