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Simpósio Amílcar Cabral para reflectir o futuro de África
- 13-Aug-2004 - 19:55
Os ex-presidentes portugueses Mário Soares e Ramalho Eanes e o chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano, são alguns dos participantes no II Simpósio Amílcar Cabral, a decorrer na Cidade da Praia, entre 9 e 12 de Novembro próximo.
O evento decorre sob o lema "Pensar pelas nossas cabeças", uma das ideias que, segundo a organização, a Fundação Amílcar Cabral (FAC), norteou a vida do "pai" das independências de Cabo Verde e Guiné-Bissau, uma referência para as gerações vindouras em todo o continente africano.
Subjacente à ideia do livre pensamento, que a FAC escolheu como azimute para o simpósio socorrendo-se da citação de Amilcar Cabral "pensar pelas nossas cabeças", está uma questão que o encontro pretende ver respondida e se prende com a necessidade de novas posturas tanto de políticos como dos intelectuais africanos.
De uma "profunda reflexão" acerca da ligação, "que se exige frutuosa", entre a produção intelectual e a política em África hoje, deverá sair do simpósio uma resposta.
Para ajudar a encontrar a solução, a FAC, para além de Soares, Eanes e Chissano, convidou também Luís Cabral, irmão e companheiro da "luta" de Amílcar.
Luís Cabral foi ainda o primeiro presidente da Guiné-Bissau, cargo de que foi derrubado, em 1980, por um golpe de Estado liderado por João Bernardo "Nino" Vieira.
Na extensa lista de participantes no Simpósio Amilcar Cabral, contam-se ainda o antigo presidente argelino Ahmed Ben Bella e o ex- director-geral da UNESCO Amadou M'Bow, além de "dezenas" de historiadores e professores universitários da Europa, Brasil, Estados Unidos e África.
O próprio presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, foi convidado pelo seu homólogo cabo-verdiano, Pedro Pires, aquando da sua visita ao arquipélago, há cerca de duas semanas, para integrar a Comissão de Honra do simpósio.
Amílcar Cabral, morreu em circunstâncias ainda por apurar, a 20 de Janeiro de 1973, na capital da Guiné-Conacri, meses antes da declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau, proclamada em Madina do Boé.
Sobre Amílcar Cabral, documento que anuncia o simpósio refere que foi um político que "sempre procurou, sem filiações dogmáticas, a produção intelectual que pudesse iluminar o seu caminho".
"E sempre com uma consciência aguda de que só uma produção intelectual aberta à experiência, e com a capacidade de forjar conceitos operatórios e estratégicos podia potenciar projectos de emancipação", adianta o texto.
Contudo, adverte a Fundação Amílcar Cabral, "ainda hoje continua a não ser prática em África uma ligação virtuosa entre a produção intelectual e a definição de políticas".
Com a realização do Simpósio, A FAC quer contribuir para a constituição de um espaço de promoção do debate sobre as ideias alternativas acerca do desenvolvimento de África, inspirada sempre na ambição de "pensar pelas nossas próprias cabeças" e de acordo com a "própria realidade" africana.
Para atingir esses objectivos, o simpósio debruçar-se-á fundamentalmente sobre três grandes painéis temáticos para debate: a "História, Cultura e Identidade"; a "Construção do Estado em África e o "Desenvolvimento e Integração Regional Africana no contexto da Globalização".
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