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Cabo Verde
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Presidente Pedro Pires humilhado no aeroporto de Lisboa
- 16-Sep-2004 - 17:03
O embaixador de Cabo Verde em Lisboa, Onésimo Silveira, apresentou ao Governo português uma enérgica nota verbal, protestando contra o que considerou ter sido um grave desrespeito e humilhação ao Presidente da República, Pedro Pires, por parte das autoridades policiais daquele país ibérico – noticiou o semanário “Expresso”, de Portugal.
Quando se deslocava à Líbia, há alguns meses, Pedro Pires foi mandado chamar à sala VIP principal do aeroporto de Lisboa para se submeter a um detector de metais. As razões alegadas foram de “segurança”, procedimento anormal para um chefe de Estado, mormente de um país amigo e “estratégico” como Cabo Verde.
Silveira ficou indignado e protestou imediatamente e, posteriormente, foi à sede do ministério português lavrar a sua nota verbal, declarando que preferia ser declarado “persona non grata” em Lisboa a admitir tamanho desaforo. “Se o meu Governo vos der razão, prefiro regressar a S. Vicente para escrever os meus livros”, terá dito.
Nestas circunstâncias, segundo as nossas fontes e a experiência dos procedimentos diplomáticos, esse zelo securitário não poderia ser inocente nem acidental, mas sim premeditado e encomendado de cima.
Apesar de as relações entre Lisboa e Praia serem sistematicamente apresentadas como “excelentes”, Lisboa nunca “perdoou” aos cabo-verdianos o que considera ter sido a sua humilhação na guerra da Guiné, e algumas agendas – como o pendente da Electra, a privatização da TACV e a integração dos cabo-verdianos em Portugal – vêm criando tensão entre os dois países.
De todo o modo, apesar de o Presidente da República e todas as autoridades terem sonegado essa informação à opinião pública cabo-verdiana, Onésimo Silveira passou desde então a ser apresentado como “fauteur de troubles” com Portugal nos meios lusófilos da Praia.
Um dos aspectos que preocupam os portugueses é a aproximação ao Brasil, sobretudo a intensificação das relações económicas com o Ceará, por parte das autoridades e empresários cabo-verdianos, rompendo o quase monopólio português sobre o comércio, que os governos do MpD tinham estendido às relações externas de Cabo Verde.
O mercado cearense ainda é novo, mas tem potencialidades para atrair em força os comerciantes cabo-verdianos – e o segundo encontro internacional de negócios entre o Ceará e Cabo Verde, que terá terminado hoje, é mais uma “ameaça”.
Isso, para não falar das novas parcerias estratégicas que o primeiro-ministro anda a buscar com os EUA, Angola, África do Sul e China.
Quanto ao embaixador Onésimo Silveira, as suas iniciativas têm provocado muito “frisson” no Palácio das Necessidades, nomeadamente a tentativa de criar uma rádio comunitária, a afirmação de que os cabo-verdianos não se revêem no enquadramento de “grupo minoritário”, mas sim numa “nova comunidade de cidadãos”, a comparação entre as roças de São Tomé e as “roças de Portugal” e a introdução da comunidade como elemento da diplomacia entre Praia e Lisboa.
As tensões que Silveira já criou com os “portugueses” de Lisboa e da Praia são tais que o embaixador terá escrito uma carta ao ministro Vítor Borges a proibir o presidente do Instituto das Comunidades, Álvaro Apolo, qualquer “diplomacia paralela” na sua área de jurisdição.
A próxima comissão mista com a Espanha, que já deu múltiplos sinais de desejar que ela seja um marco nas relações de Cabo Verde com o único país europeu com que partilha fronteiras (via Canárias) – nomeadamente nas áreas de defesa e segurança –, poderá ser a última pedra no sapato e razão para que tanto os sectores coloniais nostálgicos do PSD como do PS retomem o seu anterior apoio em força ao MpD.
Fonte: Paralelo 14/Manuel Delgado

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