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«Nino» culpa Portugal por atraso na formação dos guineenses
- 2-Jun-2005 - 18:51
O ex-Presidente da Guiné-Bissau "Nino" Vieira atribuiu hoje a Portugal grande parte da culpa pelo atraso na formação dos guineenses, indicando que, se for eleito, exigirá ao Governo português o envio de professores no quadro da CPLP.
"Por que é que não havia liceus aqui na Guiné? Por isso é que, se formos eleitos, uma das exigências que vamos fazer ao Governo português é que, no quadro da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), nos mandem professores. Que nos ajudem a reforçar a nossa integração na CPLP", defendeu o candidato às presidenciais guineenses.
João Bernardo Vieira, que fez hoje a apresentação da sua candidatura, enquanto independente, às presidenciais de 19 de Junho pediu ainda a Portugal "que não fique todo o tempo a aconselhar os seus cidadãos a não se deslocarem a Guiné-Bissau por causa da instabilidade".
"Temos que demonstrar (a Portugal) que somos capazes. É preciso que venham à Guiné-Bissau, que nos façam ver o que estamos a fazer de errado, porque eles também cometem erros", afirmou o candidato que regressou quarta-feira a Bissau após um exílio de seis anos em Portugal.
Ainda fazendo a ponte com Portugal, evocou a "queda" do Governo do ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, que, no seu entender, "sucumbiu às críticas", para enviar um recado ao actual líder do executivo guineense, Carlos Gomes Júnior, com quem mantém fortes divergências pessoais.
"Criticaram o anterior Governo deles (de Santana Lopes) e o Governo caiu. Foram a eleições, o que também pode acontecer aqui. O Governo pode cair a qualquer momento e o Presidente da República pode sair a qualquer momento", afirmou "Nino" Vieira sempre em crioulo.
No entanto, uma situação deste tipo na Guiné-Bissau, segundo o antigo Presidente, suscita de imediato críticas de fora, dizendo que "é por causa da incompetência dos governantes, por causa da corrupção ou por má prestação".
"Venham ensinar-nos. Venham ajudar-nos. É a vossa responsabilidade moral perante o povo da Guiné-Bissau. Todos estes problemas que temos hoje no país devem-se à falta de formação das nossas populações", insistiu.
Neste contexto, fez o paralelo entre uma campanha eleitoral em Portugal, onde "os brancos falam na televisão e nos jornais" e na Guiné, onde é preciso andar de tabanca em tabanca para explicar ao povo as propostas eleitorais.
"A diferença passa pelo facto de não sabemos ler. E quem é culpado disso tudo?", questionou "Nino" Vieira, a quem a assistência respondeu, em uníssono: "Os portugueses".
O antigo chefe de Estado, que esteve 18 anos no poder (1980-1998), reconheceu que a responsabilidade pela situação cabe em primeiro lugar aos guineenses, mas não deixou de lançar a acusação: "os portugueses são responsáveis também porque abriram aqui liceus muito tardiamente".
"Quando é que tivemos o primeiro liceu aqui?", perguntou, recebendo como resposta "1958".
Nas outras ex-colónias portuguesas em África, as universidades em Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe contavam com professores expatriados, lembrou o ex-Presidente guineense, destituído durante o conflito militar de 1998/99, para acrescentar que o mesmo não aconteceu na Guiné-Bissau.
"Depois dizem que os guineenses não sabem falar português. Mas como é que vamos saber falar português se não nos ensinaram a falar português? É esse o problema. Isso é da responsabilidade de Portugal", afirmou, embora lembrando que já passaram mais de 30 anos de independência e que a questão da educação é uma prioridade.
Sem fazer qualquer referência aos anos que esteve no poder nem às mais de cinco dezenas de professores portugueses que se encontram actualmente no país ao abrigo de acordos de cooperação, "Nino" Vieira defendeu que o "problema do tribalismo" que existe hoje na Guiné-Bissau é derivado também da "falta de instrução escolar".
"Porque quem pensa ou lê não vai pensar que é de uma etnia tal, vai pensar antes como um homem que é", sustentou.
Num apelo à população no seu primeiro acto de campanha eleitoral, "Nino" Vieira pediu aos guineenses que vão às urnas com calma e em paz, para que a Guiné-Bissau possa mostrar ao mundo que "é um país civilizado", e aos candidatos para utilizarem uma linguagem "sem insultos pessoais".
"O mundo está de olhos abertos a ver-nos, pensando que somos animais irracionais. Isso não é verdade. Outros podem pensar assim, mas nós não. Até já ouvi um guineense a sugerir que as Nações Unidas deviam tomar conta da administração do país por falta de gente capaz. Mas que vergonha, se já administramos o nosso país ao longo de 30 anos de independência", concluiu.

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