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  Entrevista
«País é diferente do idealizado na independência», afirma Pedro Pires
- 3-Jul-2005 - 19:15


Cabo Verde, que completa terça-feira 30 anos de independência, é um país diferente do que foi idealizado pelo seu actual presidente nos tempos da luta colonial, ou mesmo depois do início da caminhada como Estado soberano.


Por Ricardo Bordalo
da Agência Lusa

Em entrevista à Agência Lusa, o presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, que foi primeiro-ministro entre 1975 e 1991, admite que a aventura da soberania parecia mais fácil e, apesar dos índices de desenvolvimento do país estarem muito acima da média africana, considera que ainda há muito para fazer.

"Certamente que não é o país que idealizei há 30 anos, porque conhecia menos Cabo Verde, porque era mais voluntarista e menos realista", diz Pedro Pires, explicando que "na altura pensava que o futuro seria mais simples e que o desenvolvimento seria mais rápido e mais abrangente".

A experiência acumulada como dirigente político, aliada à que ganhou como destacado dirigente e comandante militar do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), fundado por Amílcar Cabral, leva Pedro Pires a olhar o passado sem sobressaltos.

Mostra-se "reconfortado e realizado com aquilo que Cabo Verde conseguiu enquanto Estado soberano e pela sua afirmação no plano internacional, pela credibilidade e visibilidade de que gozam o seu governo e as suas instituições".

Quando, em 1975, eram muitas as vozes a vaticinar que Cabo Verde era um Estado inviável, face à ausência de recursos e à pobreza generalizada, o histórico dirigente e governante nunca aceitou essa perspectiva, por uma questão de opção e por estar convencido "que o homem é o agente principal da construção e que era e é capaz de levar a cabo uma obra de dificuldades, que exige muito empenhamento".

"Se me disser que os meus argumentos eram mais de ordem subjectiva do que objectiva, admito que sim, porque neste mundo a fé faz mover montanhas e essa convicção podia permitir reinventar Cabo Verde. E foi isso que aconteceu", sustenta.

Para Pedro Pires, mais importante que aceitar a ideia de que Cabo Verde era uma Nação antes de ser Estado, foi acreditar que, "com essa realidade como suporte, com esse suporte moral, era possível criar um projecto de futuro".

"Uma Nação que assume um destino e um desígnio próprio é mais fácil de mobilizar na construção, na materialização desse destino e desse desígnio", que era erguer um país viável e de sucesso, afirma.

Mas, como em tudo, "nada é perfeito" e quem disser que pode fazer uma obra perfeita "está a enganar-se a si próprio".

"(Na análise da história) é preciso ter a humildade de aceitar que não somos possuidores de 100 por cento da verdade, que a obra depende dos seus agentes e que esses agentes podem não estar completamente preparados", explica.

No entanto é seguro ao afirmar que, "na independência de Cabo Verde, a estratégia resultou", porque na análise aos factos históricos os "resultados" devem sobrepor-se aos "preconceitos".

Ora, o resultado é este: "Cabo Verde ganhou a independência e afirmou-se como Estado credível", diz, clarificando que a preocupação dos primeiros dirigentes do país foi fazer o máximo para que os cabo- verdianos tivessem confiança nas instituições.

O segundo objectivo foi que, a partir dessa confiança, "o povo assumisse a construção do futuro, que fossem agentes interessados desse futuro, e isso, creio, foi conseguido, mesmo correndo riscos, como fazer as pessoas acreditar que assim tudo seria mais fácil, quando não é verdade".

Numa referência específica aos tempos do regime de partido único, liderado pelo PAIGC até 1980 - altura em que Cabo Verde rompe com o projecto de Unidade com a Guiné-Bissau, no seguimento do golpe de Estado de "Nino" Vieira - e ,depois, pelo reformado PAICV, até 1991, Pires recorda que "foi preciso fazer um esforço para conhecer o país, rever a sua história, a sua vocação e o seu percurso histórico, para projectar o futuro".

Explicando a génese da abertura política do início da década de 90 do século XX, Pedro Pires diz que o regime chegou à conclusão que só seria possível atraindo o investimento estrangeiro para Cabo Verde.

"Neste momento, conclui-se que o projecto é possível e que há recursos que têm quase tanto valor como o petróleo ou os diamantes e podem ter o mesmo papel no desenvolvimento do país, como, por exemplo, o turismo ou a localização geo-estratégica", esclarece.

Sobre a ruptura com a Guiné-Bissau, um dos momentos chave do percurso de Cabo Verde como país independente, o Presidente da República cabo-verdiano garante que era uma necessidade "evidente".

"Pelo nosso percurso, pelas nossas reflexões, eu, particularmente, achei que não se podia conviver com golpes de Estado", como o que depôs Luís Cabral, meio-irmão de Amílcar, em Bissau.

Para Pires, essa ruptura foi "uma decisão acertada", até porque "também veio dar uma satisfação a alguns cabo-verdianos que não viam com bons olhos a unidade com Bissau sob o lema um partido dois países".

A separação da Guiné-Bissau teve implicações nos destinos do país, porque, explica Pires, "foi a partir desse momento que se começou a pensar no desenvolvimento de Cabo Verde através da liberalização da sua economia e abertura ao mundo", ganhando a ideia maior solidez a partir de 1985/86, "depois da realização de vários estudos e de um intenso debate interno".

A maior flexibilidade e abertura do regime de partido único em Cabo Verde, quando comparado a outros países africanos, são reconhecidas por quase todos os sectores da sociedade cabo-verdiana e apontadas como um dos "segredos" para o sucesso da independência.

Sem esconder satisfação por esse reconhecimento, Pedro Pires sublinha que "os factos são os factos" e se as pessoas dizem que "era um regime mais aberto, menos autoritário, diferente daquilo que era a norma em regimes semelhantes noutros países, é porque terá sido assim".

"Uma coisa é a percepção que uma direcção política tem e a outra é a realidade percepcionada pela sociedade. E se há uma convergência entre estas duas percepções é porque se fez algo de correcto", diz, sublinhando que essa é também a sua ideia.

"E se Cabo Verde conseguiu os resultados, enquanto país, que teve, foi, precisamente, porque conseguiu que os cabo-verdianos, que uma boa parte da sociedade cabo-verdiana, assumissem e se apropriassem do projecto de desenvolvimento nacional", frisa.

Mas, lembra, tudo isso aconteceu "em resultado de uma opção política, não foi um acidente, tratava-se de construir um sistema que permitisse uma ampla participação popular".

A diferença, que tinha uma razão histórica na forma como o fundador do PAIGC, Amílcar Cabral, optou por um mosaico amplo de parceiros internacionais em detrimento de uma colagem a qualquer das potencias mundiais, foi marcada em Cabo Verde mesmo antes da oficialização da independência.

E Pedro Pires abre uma janela para os dias que antecederam o 05 de Julho de 1975 ao referir que, dois dias antes, se reuniu com a direcção do PAIGC e defendeu que este "não podia ser um partido marxista-leninista".

E, quando se iniciou a reflexão para decidir o nome do país, adianta na primeira pessoa: "Eu defendi que deveria ser República de Cabo Verde, sem adjectivos, e assim foi, mas, apesar disso, alguma correspondência que vinha para Cabo Verde era endereçada à República Popular de Cabo Verde", recorda, insistindo que nunca quis uma orientação marxista-leninista para o país.

Sobre o pragmatismo assumido como a primeira opção, Pires considera "um erro" pensar-se que os dirigentes do PAIGC que vieram para Cabo Verde, oriundos da luta armada na Guiné-Bissau, não tinham experiência de governação.

"Tínhamos experiência na bagagem, bem como uma reflexão sobre o futuro do país, e quando cheguei a Cabo Verde, a primeira coisa que fiz foi dizer às pessoas que não se podia separar os bons dos maus, porque todos eram importantes para ganhar o desafio da independência", ressalva.

"E tínhamos também a noção clara (Ó) que os nossos desejos não podiam ser leis, deviam ser uma orientação para o futuro, mas essencialmente que devíamos ser realistas", sustenta.

Um dos princípios do PAIGC, nessa altura, era "o realismo" e uma das máximas de Amílcar Cabral apontava que a "realidade" não era o que estava nas cabeças dos dirigentes, mas sim o que era "percepcionado pela população".

Para Pedro Pires, o passado e o futuro equivalem-se em importância quando a "causa" é o país, embora admita alguma inquietação quanto ao porvir.

Entende que na sociedade cabo-verdiana "há alguns males sociais" para os quais é necessária uma solução, como o alcoolismo, escassa poupança interna ou o excesso de individualismo, que podem alhear o país de problemas sérios que existem, como a própria pobreza, as dificuldades de integração de uma parte da comunidade e a segurança.

A já famosa ausência de recursos naturais do arquipélago como justificação para alguns dos males do país coloca "dúvidas" a Pedro Pires, para quem o problema é outro.

"A questão é saber se estamos em condições de potenciar recursos existentes e, nesse aspecto, pode ser verdade que não estamos em condições de o fazer devidamente", pondera.

"Aprecio, admiro e estimulo o patriotismo dos cabo-verdianos", diz o presidente de Cabo Verde, adiantando que "é um valor essencial com que se deve contar na construção do futuro do país" e, embora o patriotismo ou o nacionalismo possam ser conceitos ultrapassados noutros pontos, como na Europa, mantêm-se actuais no arquipélago.

A concluir, Pedro Pires deixa um recado à juventude cabo- verdiana, que, no seu entender "vai tomar consciência de que tem um lugar no mundo".

"Se a juventude quer que esse lugar seja ao Sol, tem de se unir à volta da sua conquista".


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