Pesquisar |
|
Notícias |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Canais |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Siga-nos no
Receba as nossas Notícias

Quer colocar as Notícias Lusófonas no seu site?
Click Aqui |
|
Serviços |
»
»
»
»
»
|
|
|
Conversas
no
Café Luso |
|
|
|
Cultura
|
|
Lula da Silva entre a espada dos eleitores e a parede dos grandes investidores
- 29-Oct-2002 - 0:06
Lula da Silva é o novo presidente do Brasil. Todos os principais responsáveis da Lusofonia, de Portugal a Timor, manifestaram satisfação pela soberana escolha dos brasileiros. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa espera que o novo presidente dê mais um impulso no reforço desta pátria que tem mais de 200 milhões cidadãos.
A tarefa de Luiz Inácio Lula da Silva não é, contudo, fácil. Foi isso mesmo que os brasileiros lhe disseram quando, no mesmo dia, escolheram diferentes governadores estaduais. Conciliar o (in)conciliável parece ser o grande desafio deste operário presidente que, todos o esperam, seja também um presidente operário.
Do ponto de vista interno, Lula não se cansou de fazer promessas. O presidente prometeu melhorar substancialmente as condições sociais e combater a fome e a miséria. Ou seja, prometeu virar o país do avesso. Limitou-se, reconheça-se, a dizer o que é verdade. Falta saber se entre a verdade e o possível existirá uma ponte.
É, por isso, necessário construir a ponte entre quem fabrica o pão e quem o come. Ou seja, terá de garantir sem meios termos a confiança dos investidores, os únicos capazes de não só dar o peixe como de ensinar a pescar.
Conseguirá Lula fazer isso? Conseguirá resistir à tentação de regressar às origens? Todos esperam que sim, desde logo porque se cair na tentação de ser dono exclusivo e senhor único da verdade (um pouco à semelhança de alguns dos seus homólogos da região) nunca conseguirá equilibrar a balança entre os poucos que têm milhões e os milhões que têm pouco.
A tarefa é ainda mais complicada quando se sabe que Lula terá de mandar entrar primeiro os que têm milhões, e só depois os que têm pouco, ou nada, e que foram os que lhe deram a presidência.
De um lado e do outro, Lula terá muita gente a oferecer-lhe a corda que, supostamente, servirá para segurar o progresso, a justiça social e a igualdade. Supostamente porque, não tardará muito, o presidente verá que a ideia da corda era fazer uma forca para o enforcar.
Com o saber de experiência feito, para além do mestrado dado por assessores de alto gabarito, Lula da Silva já anunciou algumas das suas opções estratégicas que, disse, terão de ser resolvidas em simultâneo: Acabar com a fome, fazer uma reforma tributária e outra na previdência. Ainda não tomou posse mas, é claro, já mostrou que quer agradar a gregos e troianos, ou seja, aos investidores e aos eleitores.
Convenhamos, contudo, que para além de medidas pontuais e mais imediatas, Lula vai deixar os seus eleitores (os brasileiros mais carenciados) em lista de espera até, pelo menos, o segundo semestre de 2003. Até lá vai garantir a salubridade do país e essa passa pelos outros que não lhe deram os votos mas que, e o presidente sabe disso, lhe podem ou não dar a chave do progresso.
Que dirão os brasileiros quando o novo Governo anunciar que, para equilibrar o orçamento, terá de aumentar os impostos? Terá de cortar, um pouco que seja, nos investimentos sociais?
Lula vai, por isso, aproveitar os primeiros seis meses de Governo para tirar o tapete (já de si esburacado) aos brasileiros e atrair o investimento. Depois, credibilizada a sua acção governativa, vai tirar um pouco da alcatifa dos investidores e distribui-la pelos que só tinham tapetes. Será, como se diz em Portugal, uma no cravo e outra na ferradura. E não é assim que se governam os países?
OS DESAFIOS DO NOVO PRESIDENTE
Respeitar contratos, manter o relacionamento com a comunidade financeira internacional e dar continuidade à política de controlo da inflação, com câmbio flutuante, são os principais pontos do programa do presidente eleito.
Recentemente, um dos coordenadores da campanha de Lula comprometeu-se perante um grupo de empresários brasileiros que o futuro Governo vai gerar o «superávit que for necessário» para manter sob controlo a dívida pública interna no actual nível.
A política de superávits (diferença entre receita e despesa, excluindo os gastos com pagamento de juros) é uma das principais peças da actual política económica para manter a relação entre dívida interna e PIB estável.
A lista de desafios de Lula no Palácio do Planalto é extensa e diversificada, peculiar a um país de 170 milhões de habitantes e com realidades sócio-eonómicas bem diferentes.
Uma das principais tarefas é a criação de empregos, outras são diminuir a taxa de juros actualmente em 21% ao ano, promover a reforma tributária, manter a estabilidade da moeda e especialmente retomar o crescimento do país.
Durante a campanha eleitoral, Lula prometeu criar 10 milhões de empregos, por meio do aquecimento da economia e consequente redução da taxa de juros, além do aumento das exportações.
Lula comprometeu-se ainda a realizar uma reforma fiscal para simplificar o actual sistema brasileiro de impostos, aumentando a sua eficiência e distribuindo melhor a carga tributária.
Nos últimos nove anos, incluindo os dois mandatos do actual presidente Fernando Henrique Cardoso, a carga tributária brasileira cresceu 9 pontos percentuais, passando de 25% do PIB em 1993 para 34,5% o ano passado.
Um crescimento que reduz a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e dificulta as conversações para a integração económica em blocos internacionais como a Alca, Mercosul e União Europeia.
Outra promessa de Lula foi dar prioridade à indústria nacional, ressaltando várias vezes durante a campanha que «tudo o que puder ser produzido no país, será».
Figuram também na lista de prioridades do novo presidente a reforma da Previdência Social. Dos 76 milhões de pessoas economicamente activas, mais da metade - 46 milhões - estão no mercado paralelo, o que sinaliza a necessidade de mudanças para reorganizar e acomodar esse batalhão de trabalhadores na legalidade.
Quanto à questão da violência, Lula garantiu que o Governo federal terá uma intervenção maior, principalmente como coordenador das políticas para redução do índice de criminalidade. Pela legislação brasileira, cabe aos governos estaduais a tarefa de combater a violência, por meio das polícias civil e militar. Ao Governo federal, por meio da Polícia Federal, estão atribuídos o controlo das fronteiras, o combate ao narcotráfico e ao contrabando de armas.
Nos últimos anos, os brasileiros e o mercado externo viram o Brasil atravessar mudanças radicais: o Plano Real equiparou a moeda brasileira ao dólar, com queda drástica da inflação, que chegou a 2,491% em 2002.
Lula defendeu também o fortalecimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e considera Portugal um canal importante nas negociações com a União Europeia.
O presidente afirmou ainda que as relações de cooperação devem ser aprofundadas entre os países de língua portuguesa, ligados pelo idioma, interesses e valores comuns. «Os interesses comuns serão promovidos com vista ao fortalecimento dos laços económico-comerciais e sócio-culturais», afirmou Lula.
Agora na Presidência da República, Lula pretende colocar em prática uma tese antiga defendida pelos partidos de Esquerda no Brasil, que é a aproximação com os países africanos.
Lula já anunciou que, no seu Governo, o Brasil vai voltar-se para a África, e que uma de suas primeiras viagens internacionais será a Angola e Moçambique, para «explorar laços étnicos e culturais existentes e construindo relações económicas e comerciais».

Ver Arquivo
|
|
 |
|
|
|
|
|
|
|
|