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Cabo Verde é o exemplo que África tem de seguir
- 10-Feb-2006 - 17:16
Em 2001 Pedro Pires venceu Carlos Veiga por 12 votos. Domingo se verá se a história se repete
Cabo Verde, que realiza no domingo as quartas eleições presidenciais depois da abertura ao multiparidarismo, em 1990, é considerado um caso "exemplar" em África pelo desenvolvimento conseguido em 30 anos de independência. Tal como em 2001, Pedro Pires, candidato do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, ex-partido único) enfrenta Carlos Veiga, do Movimento para a Democracia (MpD), e que chefiou o governo cabo-verdiano entre 1991 e 2001 (noticiário na secção Cabo Verde).
Depois dos 16 anos de presidência de Aristides Pereira, ainda em regime de partido único, Cabo Verde elegeu, em 1991, António Mascarenhas Monteiro, que, reeleito em 1996, cumpriu os dois mandatos permitidos pela Constituição.
Em 2001, Pedro Pires, candidato do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, ex-partido único) venceu à segunda volta Carlos Veiga, do Movimento para a Democracia (MpD), que nos últimos dez anos (1991-2001) chefiou o governo cabo-verdiano.
No "duelo" que repetirão no domingo, Pedro Pires tem a seu favor mais seis anos na chefia do governo (16 contra os dez de Veiga) e cinco na Presidência da República.
País exemplar em África
Cabo Verde sustenta o seu estatuto de "país exemplar" no continente africano e respeitado no mundo com números que fazem inveja mesmo aos mais ricos, pontuados por um crescimento anual a rondar os 6,5 por cento nos últimos anos.
No entanto, os seus 470 mil habitantes não usufruem desta vitalidade por igual, sendo o fosso entre ricos e pobres dos mais acentuados no mundo e com alguns desafios considerados de alto risco perante uma economia frágil e, até aqui, alicerçada na reciclagem dos substanciais apoios externos.
Por entre os ganhos do passado e os desafios do futuro, sobressaem alguns êxitos reconhecidos internacionalmente.
O caso mais recente prende-se com a decisão do Conselho Económico e Social (ECOSOC) da ONU em fazer subir o arquipélago um patamar na escala de desenvolvimento, passando do grupo de Países Menos Avançados (PMA) para o grupo dos Países de Desenvolvimento Médio (PDM).
No entanto, esta graduação é tida como um novo desafio à capacidade do país em se desembaraçar das dificuldades inerentes à escassez de recursos naturais e à sua fragilidade económica, havendo analistas que afirmam que o actual momento "só é comparável - em termos de dificuldades - aos primeiros anos de independência".
Isto, porque o abandono dos PMA impõe uma acelerada diminuição das ajudas internacionais que permitiram a este minúsculo país africano um "salto de gigante" no desenvolvimento humano, como o atesta o seu posicionamento no topo da escala africana, terceiro na África Sub-saariana e 105º no mundo, no que respeita ao índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A saída de Cabo Verde do grupo de PMA está prevista para 2008, o que significa que o presidente que for eleito no domingo terá também como tarefa ajudar o governo a enfrentar uma diminuição considerada "radical" no formato dos empréstimos internacionais, pois a condição de PMA permitia-lhe aceder a apoios com prolongados períodos de amortização e taxas de juro, por vezes, inferiores a um por cento.
Índices invejáveis em várias frentes
Apesar das dificuldades resultantes dos parcos recursos naturais do país, onde a agricultura, a pesca, os produtos manufacturados e os serviços, incluindo o turismo, são os principais geradores de riqueza no arquipélago, Cabo Verde tem índices invejáveis, no contexto africano, no que respeita à educação, saúde, justiça, infra-estruturas aeroportuárias, rodoviárias e portos marítimos.
Também no que no que toca à taxa de mortalidade infantil e à esperança média de vida da população (superior a 69 anos, segundo dados de 2001), Cabo Verde é um exemplo a seguir em África.
Em 30 anos de independência, Cabo Verde multiplicou o seu PIB "per capita" sete vezes, passando de 200 dólares norte-americanos para números actuais próximos dos 1500, tendo reduzido a taxa de analfabetismo, segundo dados do governo, de 60 por cento para 25 por cento.
Apesar destes indicadores, outros há que não deixam esconder a fragilidade do arquipélago na área da economia, como sendo uma taxa de desemprego elevada (a rondar os 20 por cento) e de pobreza, entre 30 e 40 por cento, dependendo dos indicadores utilizados pelos organismos nacionais e internacionais.
Aliás, dos três requisitos usados pelo ECOSOC para a graduação dos países de Menos Avançados a de Desenvolvimento Médio, Cabo Verde apenas corresponde a dois, o seu índice de desenvolvimento humano e a boa governação (solidez da sua democracia), ficando de fora a independência económica, onde o país está longe de corresponder às exigências.
A procura de novas âncoras para assegurar a continuidade do desenvolvimento, levou o governo cabo- verdiano a procurar uma parceria especial com a União Europeia, objectivo estratégico para a próxima legislatura que os dois candidatos presidenciais já garantiam tudo fazer para que seja concluída com sucesso.
Cabo Verde é um dos quatro arquipélagos atlânticos da Macaronésia. Situa-se na costa ocidental de África e tem uma área de 4.033 quilómetros quadrados repartidos por dez ilhas, das quais nove habitadas.
Dos cerca de 450 mil habitantes, 30 por cento trabalham no sector primário, 30 por cento no secundário e 40 por cento no terciário, segundo o Instituto Nacional de Estatística.
Num contexto de previsíveis dificuldades, os dois candidatos à Presidência da República apontam como prioridades para o seu mandato a estabilidade e a consolidação da democracia cabo-verdiana como forma de atrair, cada vez mais, investimento externo, um dos instrumentos considerados essenciais para manter o desenvolvimento.
O combate à pobreza e ao desemprego prometido pelo governo foi também parte da argumentação de campanha das presidenciais que hoje termina em Cabo Verde, deixando claro que este problema é uma prioridade nacional.
Para já, a única certeza é que seja quem for o próximo presidente, o governo pode contar com a sua colaboração para os combates decisivos que se avizinham, mas sobre a eleição em si, os 12 votos que separaram a vitória de Pires sobre Veiga em 2001, permitem apenas adivinhar uma votação disputada até à contagem do último voto.

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