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  CPLP
Sinergias de grupos põem
jornalistas no desemprego

- 16-Feb-2006 - 10:44


Carlos Narciso diz também que "há uma ideia romantizada do que é jornalismo e, nessa ideia, não entram conferências de imprensa enfadonhas, passar meses e anos a escrever pequenas notícias, a frustração de ver oportunidades passar ao lado, a mediocridade premiada, enfim, o dia-a-dia de muitas redacções".

Talvez por ser um excelente Jornalista, dos mais conhecidos e respeitados em todo o espaço lusófono, Carlos Narciso sabe bem quão ténue é a fronteira entre bestial e besta. Por alguma razão diz que, em muitos casos, “os jornalistas têm-se demitido do exercício da profissão para passarem a “assessores” encapotados de interesses vários”. Quem fala assim sabe o que diz e diz o que sabe. Talvez por isso tenha saudades das Redacções. Apenas das Redacções, dizemos nós, onde se faça Jornalismo...


Por Jorge Castro

Notícias Lusófonas - Em Portugal assiste-se cada vez mais à discussão sobre Jornalistas e produtores de conteúdos. Faz sentido este tipo de discussão? Ou será que ela reflecte apenas a perda de poder profissional dos jornalistas?

Carlos Narciso - Reflecte a tentativa de misturar informação com entretenimento, inventando uma profissão desobrigada em termos éticos ou deontológicos. Os jornalistas têm o dever de lutar contra isso, não por questões corporativas, mas em defesa do direito que todos temos de acesso a uma informação isenta, plural e ética. No dia em que as notícias deixarem de ser dadas por jornalistas, esse direito será letra morta e estaremos, todos, sujeitos à manipulação sem regras nem controle.

NL - O Jornalismo português esteve em destaque com alguns casos mais mediáticos, como é exemplo o caso Casa Pia ou Apito Dourado. Pensa que, de uma forma geral, os jornalistas estiveram bem? Ou terão sido "manipulados" pela guerra das audiências/tiragens?

CN - Em muitas situações, tem sido difícil distinguir entre o que é a genuína investigação jornalística e o mero aproveitamento de fugas de informação. Ora, sabemos que as fugas de informação são feitas apenas para satisfazer tácticas de polícias, advogados, procuradores ou juízes. Se, por vezes, esses intuitos coincidem com o interesse público, outras vezes isso não tem sucedido. Nessas situações, os jornalistas têm-se demitido do exercício da profissão para passarem a “assessores” encapotados de interesses vários. Acresce a tudo isto, a guerra de audiências ou de tiragens, conforme o meio a que nos estamos a referir. A necessidade de vencer essa competição tem ajudado a aliviar a má consciência de alguns jornalistas…

NL - Em Portugal assiste-se à concentração empresarial dos meios de comunicação social. Não significará isso que os jornalistas estão cada vez mais obrigados a "comer e calar"?

CN - O mercado de trabalho está cada vez mais pequeno, mesmo se, eventualmente, hoje temos mais títulos de imprensa, mais canais de rádio e de televisão que há 20 anos atrás. A verdade é que há cada vez menos patrões… e o aproveitamento das chamadas sinergias de grupo tem vindo a atirar jornalistas para o desemprego. Este problema poderá ser minorado se a legislação sobre direitos de autor para obras jornalísticas vier a proteger os direitos dos jornalistas sobre o trabalho que prestam para determinado título ou empresa ou, então, se a Lei viesse a obrigar a desmantelar parte dos grupos existentes, o que não é provável. O que tenho observado, com bastante estranheza, é que os jornalistas têm estado silenciosos enquanto o governo, o sindicato e os patrões discutem o novo Estatuto dos Jornalistas onde, precisamente, a questão dos direitos de autor vai ficar regulada. E estranho que nada tenha ainda sido escrito ou discutido sobre o assunto, à excepção de um programa do Clube de Jornalistas, já há uns meses, no Canal 2, que abordou esta questão com o Ministro dos Assuntos Parlamentares. Este silêncio pode, de facto, revelar a cobardia que reina entre os jornalistas, o medo de perder o emprego caso revelem opiniões contrárias às do patrão.

NL - As Universidades portuguesas continuam todos os anos a atirar para o mercado de trabalho centenas de jovens habilitados para o jornalismo. Não se estará antes a formar gente para o desemprego? Há mercado para tanta gente?

CN - Claro que não há trabalho para tantos licenciados em Ciências da Comunicação, e isso é mais um problema para os jornalistas que já estão nas redacções. Todos sabem que à porta das redacções há, sempre, uma fila cada vez maior de candidatos a ocuparem um lugar que fique vago e, ainda por cima, por menos dinheiro. O paradoxo maior é que o acesso à profissão nem obriga a que os candidatos tenham licenciatura ou qualquer formação específica. Isto é, o acesso à profissão continua no livre arbítrio proporcionado pelos laços familiares, pelas amizades, conhecimentos pessoais e não por questões técnicoprofissionais relacionadas com a formação e a aprendizagem.

NL - Ainda sobre as Universidades. Os cursos de jornalismo (ou de comunicação) são recentes. O que pensa desses cursos? Preparam realmente os jovens, ou não passam de mais uma actividade comercial?

CN - Depende da escola e dos professores. Pelo que tenho observado, os licenciados em jornalismo, quando saem da Faculdade, não sabem nada. Têm alguma bagagem cultural, sem dúvida, mas não sabem exercer a profissão. Julgo que as Universidades aderiram a esta licenciatura pelas piores razões: é barato e está na moda. Poucas escolas se preocupam em dar uma verdadeira formação técnica aos alunos e, hoje, o ensino do jornalismo deveria ter bastante formação tecnológica, porque já não há redacções que não estejam informatizadas.

NL - Em Portugal assiste-se a uma nova realidade. Muitos jornalistas criam na Internet os seus próprios espaços. Quer isso dizer que nos órgãos onde trabalham não têm liberdade para escrever e, por isso, recorrem a essas alternativas?

CN - Não sei dizer. Mas é natural que muitos jornalistas se sintam defraudados com a profissão. Há uma ideia romantizada do que é jornalismo e, nessa ideia, não entram conferências de imprensa enfadonhas, passar meses e anos a escrever pequenas notícias, a frustração de ver oportunidades passar ao lado, a mediocridade premiada, enfim, o dia-a-dia de muitas redacções. Talvez a Net seja um escape para muitos, realmente. Para mim, é um grito de raiva.

NL - Em Portugal existem os Provedores do Leitor. Esse cargo faz sentido? Terão os Provedores real poder ou não passam de algo que apenas serve para credibilizar as Jornais junto dos leitores?

CN - A ideia é boa. Não tenho dúvidas. Um órgão que tenha um Provedor assume a responsabilidade de responder às críticas e aos apelos do seu público. É só preciso que os Provedores desempenhem a função convenientemente. Se isso não acontece, mais vale que o órgão assuma a ruptura desse contrato, caso contrário corre o sério risco de cair no descrédito e isso só contribui para afastar o consumidor.

NL - Dizem-nos que em Portugal muitos dos textos assinados nos jornais o são por pessoas não habilitadas com a respectiva cédula ou carteira profissional. É verdade? Se sim, não deveria ser obrigatório estar habilitado? Se não, porque razão se fala nisso?

CN - Se estamos a falar de textos jornalísticos ou de notícias, cabe à Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas fiscalizar se as empresas têm ao serviço profissionais não habilitados. Mas como já disse atrás, qualquer um pode ser jornalista. Basta que apresente uma declaração da entidade patronal a confirmar que exerce a profissão. Por isso, não vejo razão para que existam “falsos” jornalistas. O problema, do meu ponto de vista, é que os jornais hoje oferecem cada vez mais espaço aos opinion makers e, portanto, acabam por ser feitos por essas pessoas que defendem bandeiras, mais do que por jornalistas. Esta tendência, de resto, existe também nas rádios e nas televisões. Programas tipo “Quadratura do Círculo” ou “Fel e Mel” são cada vez mais comuns. Se o público prefere esse tipo de conteúdo em vez de notícias, é um problema que as empresas e os responsáveis editoriais têm de ponderar.

NL - Em Portugal, o único organismo representativo dos Jornalistas é o respectivo Sindicato. Pensa ser útil a criação de uma Ordem dos Jornalistas?

CN - Não. Não vejo que tenha alguma utilidade. Primeiro, porque os jornalistas não precisam de uma instituição de filiação obrigatória, como será uma Ordem. Depois, porque estamos a falar de uma classe demasiado individualista e não me parece que a existência de uma Ordem pudesse modificar essa característica. Por fim, porque sou completamente contra a existência de organismos corporativos. Para defender a classe, o sindicato chega e sobra. Basta que os jornalistas queiram participar no processo.

NL - No vasto leque da Comunidade de Países de Língua Portuguesa faz-se, é claro, bom e mau jornalismo. O que se lhe oferece dizer sobre o exercício da profissão nos países da CPLP?

CN - Salvo raríssimas excepções, estamos a falar de mau jornalismo. Enfeudado ao poder, dependente economicamente do poder, venerando do poder, panfletário em muitas situações. Mau, ainda, por insuficiências académicas e culturais, porque estamos a falar de países com enormes carências a esse nível. Mas a situação só pode melhorar. Acredito que, se a democratização triunfar nos países da CPLP, o jornalismo irá melhorar, independentizar-se, digamos assim. Mas vai demorar tempo.


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