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Congresso da FRETILIN começa quarta-feira marcado por divisões
- 16-May-2006 - 17:28
Divisões internas no partido no poder em Timor-Leste marcam o II Congresso Nacional da FRETILIN, a partir de quarta-feira, com uma candidatura alternativa à liderança de Mari Alkatiri, surgida num contexto de crise política no país.
Por Eduardo Lobão
da Agência Lusa
Eleito secretário-geral do partido em Julho de 2001, o actual primeiro-ministro timorense deverá enfrentar a candidatura à liderança, já anunciada, do embaixador na ONU e nos Estados Unidos, José Luís Guterres.
Depois de formalizadas as duas candidaturas, no decorrer do congresso de três dias, caberá aos 600 delegados, eleitos em reuniões partidárias locais em todo o país, escolher o próximo líder da FRETILIN.
Além do cargo de secretário-geral está igualmente em aberto o de presidente do partido, a disputar entre Francisco Guterres "Lu- Olo", que desempenha estas funções desde 2001 ao lado de Alkatiri, e o secretário de Estado Egídio de Jesus, que integra a lista alternativa.
As divisões no partido estenderam-se ao Governo, com dois ministros, apoiantes da actual liderança, a criticarem Egídio de Jesus por não se ter demitido do executivo antes de avançar na corrida pelo lado adversário e outro ministro a demitir-se, reclamando maior abertura e debate no seio do partido.
O envolvimento do actual secretário de Estado para a Coordenação da Região III no Grupo da Mudança, liderado por José Luís Guterres, motivou fortes críticas dos seus colegas ministros da Agricultura, Florestas e Pescas e do da Justiça, Estanislau da Silva e Domingos Sarmento, invocando a qualidade de militantes da FRETILIN desde a fundação do partido, há 32 anos.
"No lugar dele eu demitia-me (do Governo). Seria uma atitude mais íntegra em todo este processo", afirmou Estanislau da Silva.
A apresentação da candidatura de Guterres e Egídio de Jesus foi marcada pela presença de vários antigos membros do Governo, designadamente Abel Ximenes, que se demitiu da pasta do Desenvolvimento no passado dia 08, de César Moreira, antigo vice- ministro das Obras Públicas afastado na remodelação governamental de Julho de 2005 e Jorge Teme, ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-embaixador em Camberra.
Um clima de euforia marcou a apresentação da candidatura de José Luís Guterres, feita num hotel da capital timorense, e na presença de destacados dirigentes históricos do tempo da luta de resistência contra a ocupação indonésia.
"Quero informar oficialmente os militantes da FRETILIN e o povo timorense que aceitei ser proposto à liderança da FRETILIN. Faço- o com sentido de dever (à) Após tantos anos de luta prolongada, o povo timorense continua a sofrer. O programa da minha candidatura assenta no reforço da democracia e da transparência".
Do lado da actual equipa dirigente a palavra de ordem é contenção, com Mari Alkatiri a declarar-se confiante e "sem problemas".
"Estou confortável. Não tenho problemas nenhuns. Realmente tenho vindo a fazer tudo dentro da normalidade e quando chegarmos ao Congresso logo veremos", disse à Lusa no passado fim-de-semana.
Se não for reconduzido, Alkatiri admitiu que deixará a chefia do Governo.
A FRETILIN tem uma confortável maioria obtida nas eleições gerais de 2001, em que atingiu 57,37 por cento, com 55 dos 88 lugares do Parlamento.
Aquando da apresentação da sua candidatura, José Luís Guterres disse à Lusa que em caso de vitória o novo Governo, que pretende seja aberto a outras sensibilidades, respeitará todos os compromissos assumidos pelo executivo liderado por Mari Alkatiri.
"Este Governo é da FRETILIN e nós somos homens responsáveis. Para já o meu desafio é à liderança do partido, pelo que somente depois do congresso, caso ganhe, a nova direcção se debruçará sobre quem será mais habilitado para liderar o Governo", respondeu.
"Como homens responsáveis, declaramos que todos os compromissos assumidos serão respeitados", frisou.
Um primeiro sinal sobre a forma como poderá terminar o conclave será dado logo no primeiro dia, quando Mari Alkatiri submeter aos cerca de 600 delegados o relatório de actividades do seu mandato.
O debate que se seguirá dará, certamente, pistas sobre quem será o líder que vai dirigir a FRETILIN a partir do dia 19, último dia de trabalhos.
A eleição dos órgãos políticos, por votação secreta, está marcada para a tarde de sexta-feira, com a cerimónia de proclamação dos vencedores prevista para o fim da tarde desse dia.
O congresso realiza-se pouco mais de duas semanas depois de ex- militares e jovens desempregados terem protagonizado na manhã de 28 de Abril confrontos violentos junto ao Palácio do Governo, que se estenderam aos subúrbios ocidentais da capital, com a intervenção no dia seguinte das forças armadas. Cinco pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.
Os 591 militares contestatários, que deixaram os quartéis em Fevereiro em protesto contra alegadas discriminações, manifestavam-se nesse dia contra a desmobilização decidida pelo brigadeiro-general Taur Matan Ruak, comandante das forças armadas, e avalizada pelo governo, dada a reiterada ausência injustificada das respectivas unidades.
Para Mari Alkatiri, os confrontos traduziram uma "tentativa de golpe de Estado constitucional" com responsabilidades de elementos ligados ao Partido Democrático, a segunda força mais votada nas eleições de 2001 (8,72 por cento).
O primeiro-ministro timorense afirmou na altura, em entrevista à rádio pública australiana SBS, que as reivindicações dos militares "nada tinham a ver com qualquer acção de tipo golpista" mas que depois, "juntaram-se a eles outros, com outra agenda, (à) pessoas ligadas ao PD".
A crise militar, agravada pela saída de um novo grupo que contesta a actuação das forças armadas nos confrontos de finais de Abril, não está ainda resolvida e o congresso da FRETILIN, ao influenciar a continuidade ou a mudança na chefia do Governo, representa mais um patamar no clima de tensão que se vive no país.
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