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Os danos colaterais de uma cimeira (CPLP) em Bissau
- 15-Jul-2006 - 17:02
Pouco habituada a grandes eventos, a população de Bissau estranha os acontecimentos que estão a registar-se à margem da VI Cime ira da CPLP, observando os esforços para repor a cidade em ordem, com acções que nalguns casos acentuam a confusão.
Por José Sousa Dias
da Agência Lusa
São os zelosos polícias guineenses, agora mais zelosos, as ruas da capi tal mais entupidas, os restaurantes, sempre cheios, as comitivas automóveis, cad a vez mais numerosas, as telecomunicações móveis mais difíceis, e até a própria Internet, cada vez mais exasperante.
As obras e reparações que decorrem em Bissau, sejam elas em edifícios o u nas estradas, tradicionalmente lentas, morosas e dengosas, são, porém, mais rá pidas que o costume, embora as máquinas que operam, sobretudo no tapar dos milha res e milhares de buracos das estradas, causem danos no já caótico ritmo citadin o da capital da Guiné-Bissau.
As principais ruas de Bissau estão arranjadas e devidamente pintadas, a s árvores podadas e com as bases dos respectivos troncos caiadas, dando um ar ma is arejado à cidade que, em tempos, foi considerada uma das mais belas e asseada s de toda a África Ocidental.
Até a Avenida 14 de Novembro, cujos oito quilómetros de extensão ligam o centro da capital ao Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, está engalanada, com os candeeiros públicos, novinhos em folha, a iluminarem pela primeira vez aq uela que é a principal via de acesso à cidade.
O próprio aeroporto sofreu obras de beneficiação e tem já pronto um amp lo salão VIP para receber as comitivas presidenciais que vão participar, segunda -feira, na VI Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países d e Língua Portuguesa (CPLP).
Mas se as principais vias de acesso já dispõem agora do básico - piso l iso e iluminação nocturna -, o mesmo já não se passa nas ruas e avenidas que est ão longe de ser consideradas isso mesmo.
Areja-se a casa, mas só a parte do salão de visitas, mantendo-se, porém , os quartos, a cozinha e casa de banho num desarrumo igual ao tradicional.
"A festa da CPLP em Bissau é só para alguns", comenta-se entre a popula ção da cidade, que se queixa por as autoridades instalarem iluminação nas vias p úblicas e se "esquecerem" das habitações, que, á noite, continuam escuras como breu, apenas iluminadas por velas.
O lixo, outro dos tradicionais problemas de Bissau, também se mantém na s ruas, sobretudo nas dos bairros periféricos de uma cidade que, em menos de uma década, viu dobrar o total da sua população, estimada actualmente em cerca de 400 mil habitantes.
"Estão a atirar o lixo para debaixo do tapete", zurzem essas mesmas voz es, que lembram que o lixo retirado do "salão de visitas" está a ser deslocado p ara aterros improvisados junto a habitações dos bairros periféricos, onde, de re sto, os numerosos camiões que percorrem a cidade não se deslocam.
A declaração de guerra ao lixo, feita pela Câmara Municipal de Bissau, passou à fase dois, isto é, à da simples manutenção das operações mais básicas - a remoção do lixo do "salão de visitas", apenas para "lusofonês" ver.
Embora a imagem da cidade esteja, à semelhança do que as autoridades po líticas guineenses pretendem, a mudar, para melhor - "tem de se começar por algum lado" - as dúvidas, porém, mantêm-se entre a população que nada beneficia das melhorias.
E depois da cimeira, o que acontecerá? A recolha de lixo vai continuar?
Vão alargá-la aos bairros periféricos? Vão continuar a reparar as estradas e ru as? Vai continuar a haver a inusitada iluminação pública? Estendê-la-ão às resid ências particulares? O excesso de zelo policial - a paranóia com a segurança é t otal - vai perdurar por mais quanto tempo?
Perante este cenário, a maior indignação do simples cidadão é o dinheir o gasto em todo este processo: mais de 4,5 milhões de euros.
Para o simples cidadão, que não tem hospitais e escolas, a visão é clar a: toda esta operação de cosmética que se regista em Bissau vai continuar a bene ficiar uma minoria, sempre os mesmos.

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