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A crise política da Guiné-Bissau
- 30-Jul-2006 - 12:54
Prometi no último artigo ensaiar cenários possíveis para a saída da crise que se vive no PAIGC e no país. Visto o espaço de que dispomos, sintetizamos dois principais cenários. Cenário n.º 1: O primeiro cenário possível para a saída da crise política que se vive no PAIGC seria aquele em que as duas alas (Pró - Nino e Contra - Nino) se digladiam até que uma delas saia completamente esmagada. É tipo mata-mata, para parafrasear o Mister Scolari, a quem felicitamos e à sua equipa pelo resultado conseguido no mundial. Este cenário, apesar de indesejável, é o natural ou supletivo. Quando os outros falham, é o que entra naturalmente em cena.
Pedro Rosa Có
Jurista
Só se lhe foge arranjando alternativas de solução para a crise. No caso em apreço, enquanto não se encontrar uma solução alternativa para a crise, as duas alas continuarão a se combaterem, seja na ANP, no Partido, ou em qualquer lado, recorrendo a todos os meios, até que uma delas se imponha sobre outra, o que só acontecerá com o controlo não só do partido mas também da Presidência da República e da ANP. A ala Pró-Nino tem a vantagem de ter a Presidência já consigo e dividir o partido e a ANP com os Contra, que têm a vida mais complicada, por controlarem apenas parte do partido e da ANP.
Se a actual situação se mantiver até às próximas legislativas, teremos as eleições politicamente mais pantanosas da nossa história. A juntar-se às crises que também assolam outros partidos (PRS, PUSD, RGB), teremos um PAIGC dividido a disputar o mesmo eleitorado. E numa situação dessas, o PRS, não obstante os problemas internos que persistem de algum tempo a essa parte, ganhará provavelmente as próximas legislativas a realizar nesse cenário, ainda que seja com uma maioria relativa.
Lembre-se que o PAIGC unido em 2003 só conseguiu 45 deputados contra 35 do PRS, numa altura em que este último tinha acabado de sair de uma governação desastrosa e em profunda crise interna, ao ponto de nem sequer ter apresentado um candidato à chefia do Governo. Ora, num cenário em que é o PAIGC que está dividido, não há dúvidas que o PRS ganhará as próximas legislativas, principalmente se tivermos em consideração que tem uma base eleitoral blindada.
A continuidade da crise até que se concretize uma situação de mata-mata não é bom para o país, por duas razões: primeiro, porque um Governo do PRS, como qualquer outro Governo, precisa de ter uma oposição forte e atenta que um PAIGC dividido não consegue ser. Segundo, porque enquanto o PAIGC estiver desunida, tendencialmente, o PRS chegará às próximas legislativas com a situação interna por clarificar e assumirá a direcção do país também com crise interna por resolver, o que irá desembocar em fracturas no parlamento, criando situações de independentes como acontece no actual parlamento, que há muito de ser de partidos.
Cenário 2: os Contra-Nino e os Pró-Nino, incluindo o próprio Nino e o Malam Bacai Sanhá, reconciliam-se. É o cenário mais desejável e, apesar de sinais contraditórios vindas de ambas a alas do PAIGC, é nele que toda gente parece apostar.
A observância desse cenário requer que os suspensos do partido sejam readmitidos e que os deputados dissidentes (os independentes) regressem ao grupo parlamentar do partido para servir de base parlamentar ao Governo. Mas isso só acontecerá com a inevitável cedência de ambas as alas. É nesse quadro que a chefia e composição do Governo são uma pedra mágica capaz de embalar os actores em direcção a uma reconciliação sustentável.
A ala dos Contra - Nino, liderada pelo Sr. Carlos Gomes Júnior, deve abdicar-se da ideia de regressar à chefia do Governo. O Sr. Carlos Gomes Júnior já o fez (embora tardia, achamos inteligente a sua atitude), quando o partido indigitou o nome de Martinho Dafa Cabi ao Presidente da República para o tentar substituir depois da sua demissão.
Não obstante o teor da entrevista do Sr. Carlos Gomes Júnior à www.agenciabissau.com (20.07.06), em que continua a defender a ilegalidade do actual Governo, creio que existem condições para que a ala dos Contra - Nino se abdique da ideia de regressar à chefia do Governo. Tudo dependerá das cedências que a ala dos Pró - Nino estará também disposta a fazer.
O actual Governo, podendo manter o seu líder ou aceitar a sua substituição por um outro Pró - Nino, terá que sofrer uma remodelação radical, sacrificando os elos mais fracos, de modo a incluir os Contra - Nino na sua composição. Não é possível que o Governo se mantenha intacto num cenário de reconciliação. É preciso que haja a recomposição de posições e a satisfação de interesses, sem o que não haverá reconciliação. Quem anda em lides políticas tem que saber ceder e engolir sapos, se for necessário.
Esse cenário parecer ser o mais factível a curto prazo e melhor para o PAIGC e para o país. Todos já se aperceberam que a continuidade da actual situação de conflitualidade interna no partido irá conduzir as duas alas para o abismo. As tentativas de aproximação entre Nino Vieira e Bacai Sanha; a declaração do Grupo de Iniciativa de Salvação Nacional (grupo esse que conta com membros da ala dos Contra - Nino) de não pretender pôr em causa a actual liderança governativa; as movimentações da liderança do PAIGC, nomeadamente a última audiência com o Presidente da República, demonstram que se tomou a consciência de que com a actual crise todos perdem e o país também.
A direcção do PAIGC, depois de ter apadrinhado erradamente o Grupo de Iniciativa de Salvação Nacional, acertou agora o passo e identificou bem o alvo e está a seguir em boa direcção.
Esperemos que a última audiência com o Presidente Nino Vieira seja o início de um processo que não será fácil, porque existem fortes desavenças pessoais, traições e contra-traições, umas antigas e outras bem frescas. O esforço de esquecimento e de perdão mútuo será hercúleo, mas vale a pena. É o país e o destino de todos nós que estão em causa.
Não podia terminar este artigo sem felicitar os organizadores, actuais e os do anterior governo, pelo sucesso da Cimeiro de Bissau. O país demonstrou que quando se engaja a sério pode e sabe fazer coisas boas.
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