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Evitar impacto alargamento da UE na cooperação com África
- 7-May-2003 - 18:10
Portugal e a França vão elaborar e apresentar conjuntamente propostas à União Europeia (UE) para evitar que o alargamento a 25 países prejudique a cooperação com África, disse hoje à Agência Lusa fonte do governo português.
A questão foi analisada hoje em Paris pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, António Lourenço dos Santos, e pelo ministro delegado para a Cooperação e Francofonia francês, Pierre André Wiltzer.
Contactado telefonicamente pela Agência Lusa em Paris desde Lisboa, Lourenço dos Santos adiantou que tanto Portugal como a França, que mantêm relações privilegiadas com o continente africano, querem "evitar esse risco".
Por outro lado, acrescentou Lourenço dos Santos, há ainda um "patamar insatisfatório e insuficiente" no cumprimento de uma agenda consistente tendo em vista o desenvolvimento de África, facto que terá, por isso mesmo, de ser reavaliado em função também do alargamento do espaço comunitário ao leste da Europa.
A Cimeira África/Europa, que deveria ter-se realizado em Abril em Lisboa, e adiada "sine die" devido a questões políticas - as sanções impostas pela UE ao Zimbabué -, esteve também no centro das atenções dos dois governantes, tendo ambos manifestado a convicção de que o encontro "tem de ser concretizado".
A Cimeira de Lisboa e as sanções europeias ao Zimbabué "são questões que estão em curso, mas ambas têm aspectos complexos e complicados", sublinhou Lourenço dos Santos, que admitiu não haver uma data marcada para a realização do encontro.
Em relação às relações entre a UE e a União Africana (UA), Lourenço dos Santos e André Wiltzer defenderam a necessidade de se valorizar e reforçar o apoio à Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), projecto lançado por três presidentes africanos para promover o desenvolvimento do continente.
Ainda sobre esta questão, Lourenço dos Santos reafirmou a intenção dos dois países em apostar no reforço da intervenção da UE junto da sua congénere africana, nomeadamente no reforço de competências da UA ligadas à prevenção e resolução de conflitos e ao apoio a processos eleitorais.
Os dois governantes falaram também sobre Timor-Leste, tendo, mais uma vez, coincidido na opinião de que o calendário da retirada das forças da ONU naquele país está desajustado face à realidade no terreno, razão pela qual o ritmo de saída deve ser "abrandado".
Lourenço dos Santos e André Wiltzer defenderam ainda que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Organização Internacional da Francofonia (OIF) têm meios para se "complementarem" no continente africano.
Ambos sublinharam também haver todo o interesse em que se crie, em breve, uma espécie de "comunidade hispanófona", para que as três organizações possam trabalhar em conjunto no desenvolvimento de África e da América Latina.
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