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General sul-africano exclui Chissano de envolvimento morte Machel
- 28-May-2003 - 19:22
O ex-director dos serviços secretos militares do regime do "apartheid" da África do Sul Tiene Groenelwald desmentiu hoje, em Maputo, que tivesse implicado o actual presidente moçambicano, Joaquim Chissano, na morte do seu antecessor, Samora Machel.
Tiene Groenelwald foi citado pelo jornal sul-africano "Sowetan Sunday World", na sua edição de 06 de Abril último, como tendo dito que Chissano integrou um grupo de pessoas que conspiraram com elementos de uma unidade dos serviços secretos sul-africanos, o chamado "Bureau de Cooperação Civil", na queda do avião que vitimou Machel e a sua comitiva.
"Chissano e o politburgo da Frelimo sabem que têm uma história a dizer relativamente à morte de Machel", declarou, segundo o "Sunday Sowetan World", o antigo chefe dos serviços secretos sul-africanos.
"Estes indivíduos e Chissano foram mantidos a par dos pormenores do plano para matar Machel pelo governo do "apartheid" (...) e eu sei disso porque fui director dos serviços secretos das forças armadas sul-africanas antes de passar para o Bureau de Informação, em 1986", cita o jornal sul-africano.
Num desmentido ao "News 24", também da África do Sul, dias depois da entrevista ao " Sowetan Sunday World", Tiene Groenelwald disse ter falado apenas na qualidade de piloto experiente e que foi nessa base que traçou um cenário possível dos acontecimentos.
Falando hoje em Maputo numa conferência de imprensa bastante concorrida, a que também assistiram alguns dos filhos de Samora Machel, Groenelwald considerou "pura fabricação" o artigo difundido pelo semanário sul-africano, alegadamente com o intuito de manchar a imagem do presidente moçambicano e do seu homólogo sul-africano.
"Tudo quanto disse o "Sowetan" é pura e completa fabricação, cujos motivos desconheço, não envolvi o presidente Chissano, nem qualquer outra pessoa na morte do presidente Samora", sublinhou o ex- responsável da secreta sul-africana.
O antigo director da secreta militar sul-africana referiu, em Maputo, que apenas se prontificou a tentar ajudar o jornalista do semanário a entender os aspectos técnicos das circunstâncias do despenhamento do avião em que seguia Machel, na sua qualidade de antigo piloto.
Tiene Groenelwald acrescentou que, mesmo a esse nível, teve dificuldades em auxiliar o jornalista, pois não conhece os pormenores técnicos das circunstâncias em que se deu a queda do avião presidencial.
"Não tive acesso às gravações dos operadores das torres de controlo, não tive acesso aos registos da caixa negra e não sei de pormenores em torno do acidente, à excepção do que se disse nos jornais na altura, pelo que não sou capaz de traçar cenários sobre o sucedido", acentuou.
Groenelwald disse ainda que, quando se registou o acidente, já tinha sido transferido da secreta militar para a direcção de informação do exército sul-africano, uma instituição que, conforme as suas palavras, "tinha um papel de mera propaganda pró-apartheid", sendo-lhe impossível, nessa qualidade, ter acesso a qualquer plano de assassínio de opositores políticos, como era o caso do falecido presidente moçambicano.
O antigo director dos serviços secretos militares sul- africanos a negou ainda ter obtido de "duas fontes seguras a confirmação de que membros seniores do Buereau Político da FRELIMO (partido no poder em Moçambique), incluindo Chissano e pessoas próximas deste, estavam a par dos planos para pôr termo a vida de Machel".
Questionado sobre o facto do novo desmentido ser feito em Maputo e cerca de dois meses depois da entrevista ao "Sowetan", Tiene Groenelwald justificou que aproveitou uma visita privada ao país, para esclarecer a sociedade moçambicana sobre o que tinha dito, pois, segundo frisou, "Moçambique e o presidente Chissano foram os mais prejudicados pelas infâmias lançadas pelo jornal".
Num elogio ao actual presidente moçambicano, Groenelwald afirmou que Moçambique conheceu um visível crescimento económico e grandes melhorias noutros campos sob presidência de Joaquim Chissano.
Tiene Groenelwald negou ter sido alvo de qualquer tipo de pressão, para desmentir o conteúdo da notícia veiculada pelo "Sowetan", salientando que "nunca aceitaria fazer algo que fosse contra a sua consciência".
Groenelwald referiu ainda que o seu desmentido lhe tenha sido exigido pelas autoridades sul-africanas, como moeda de troca da libertação do seu filho, recentemente condenado a 20 anos de prisão por assassínio.
"O meu filho foi legalmente condenado e, nos termos da lei, recorreu da sentença e acredito que será justamente absolvido do crime de que é acusado, pois é inocente", sublinhou, confirmando planos de se envolver em projectos empresariais em Moçambique, nomeadamente, na exploração da madeira.
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