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«Sociedade civil portuguesa está longe da angolana»
- 16-Oct-2008 - 14:06
O economista angolano Justino Pinto de Andrade lamentou hoje, em entrevista à Agência Lusa, que os interesses dos portugueses em Angola se limitem às questões políticas e económicas, pondo de lado a sociedade civil.
Por José Sousa Dias
da Agência Lusa
"Lamento imenso o que vou dizer: a sociedade civil portuguesa tem muito pouco a ver com a dinâmica da sociedade civil em Angola. Os agentes públicos portugueses têm mais interesse numa relação Estado a Estado e nas potencialidades económicas de Angola pelo canal dos interesses políticos e económicos", referiu.
No entanto, o autor do livro "Sociedade Civil e Política, Contexto Regional e Internacional", que é lançado hoje na Casa de Angola, em Lisboa, sublinhou que tal realidade "não é um drama", embora seja necessário alargar as relações ao social para que as organizações da sociedade civil portuguesas possam ser importantes no seu país.
"A cultura democrática portuguesa é quase tão recente como a de Angola. Temos 30 anos de distância do fim da ditadura e do colonialismo. Não é um drama. Mas temos de perceber que não bastam os interesses económicos", disse.
"O que nos interessa não é a economia, mas sim os laços culturais e sociais. A sociedade civil portuguesa, ao colaborar mais com a angolana, poderá desempenhar um papel muito importante no futuro. Mas, actualmente, não temos recebido grandes "inputs"", sustentou Pinto de Andrade.
Questionado pela Lusa sobre como pode definir o papel das organizações da sociedade civil em Angola, Pinto de Andrade, sublinhando acreditar que o país "tem futuro", admitiu, porém, que tem também "muitos receios", sobretudo pela "tentação do poder em manietá-la".
"Deve ter-se em conta o peso bastante grande do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, vencedor das eleições legislativas de Setembro, com mais de 80 por cento dos votos], que vai tentar manipular a sociedade civil como fez no passado", sustentou.
Nesse sentido, Pinto de Andrade, também professor universitário e mandatário da campanha eleitoral da Frente para a Democracia (FpD), referiu também que a sociedade civil angolana "vive cada vez mais ameaçada", sustentando que, nos últimos anos, "há sinais dessa ameaça".
"Não diria que é manietada [pelo poder], mas sim ameaçada. Temos vindo a assistir a sinais disso. Começam a surgir processos de impugnação, até de extinção, de alguns actores da sociedade civil por parte do poder, o que demonstra a tentação totalitária de um partido que já tem uma história de totalitarismo bastante grande", afirmou.
Instado sobre o que deve fazer, então, a sociedade civil para evitar a conflitualidade, Pinto de Andrade pediu uma intervenção "mais actuante, aguerrida e corajosa", mas tendo em conta que "não pode ser pusilânime" perante "os primeiros disparos".
"Não deve actuar de forma alguma pusilânime, isto é, fugir ao primeiro "disparo". Sabemos que vai haver muitos "disparos", até "rajadas" sobre a sociedade civil. Mas os que se empenham nas causas justas não podem ser pusilânimes. Têm de ser corajosos e de saber que alguém fica pelo caminho", respondeu.
"Mas, no fim de tudo isto, é o país que ganha. Ganha estrutura e organização e os cidadãos ficam mais defendidos. Os partidos políticos são necessários, mas não esgotam os direitos dos cidadãos nem a capacidade de intervenção da sociedade", acrescentou o economista.
Por isso, insistiu Pinto de Andrade, os actores da sociedade civil devem "aprofundar o seu próprio espaço", sabendo, de antemão, que o MPLA é um partido que "não tem grande vocação para o respeito" pela sociedade civil, pois tem agido "como se ela fosse uma coutada".
"Foi esse mesmo partido que desvirtuou nos últimos anos o papel da sociedade civil, imiscuindo-se na vida própria de associações, associações que serviram como correias de transmissão do próprio partido, à maneira do bloco de leste no passado", concluiu.

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