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«Karam» o segundo álbum do guineense Kimi Djabaté
- 20-Oct-2009 - 23:15
«Lisboa, como qualquer outra parte da Europa, não tem nada a ver com África», afirma o músico
Natural da Guiné-Bissau, Kimi Djabaté editou o seu segundo álbum, "Karam", pela Cumbancha. O trabalho marca a estreia da nova série Discovery da etiqueta e foi pretexto para apresentações ao vivo do músico em Setembro e Outubro. A viver em Lisboa, Djabaté encontrou-se com o Cotonete num café da capital para falar sobre o disco, as memórias de casa e o seu país.
Criado no seio de uma família de músicos, tocar foi, para Djabaté, algo natural desde muito cedo. «Em pequenino comecei logo a tocar, não a tocar a sério mas como um brinquedo. Na minha aldeia são todos músicos, então as crianças sabem logo tocar. Lembro-me de fazer uma viagem com os meus pais, ia a casamentos e baptizados e eu nem podia carregar um balafon, mas as pessoas queriam ver uma criança a tocar», recorda.
Kimi Djabaté vive na Europa há 15 anos mas confessa que a adaptação a uma nova realidade foi difícil. «Mudar para a Europa é sempre uma aventura. Estive na França, com um grupo de dança da Guiné-Bissau, em 1994, e decidi ficar e senti-me bem na Europa. Mas também sabia que, para estar aqui, tinha de aprender muita coisa. Lisboa, como qualquer outra parte da Europa, não tem nada a ver com África. Como as culturas são diferentes, a adaptação torna-se um bocadinho difícil. Mas aprendi muito. Hoje já consigo olhar para África de outra forma e perceber como funciona a política», conta.
Descrito como o precursor do xilofone, o balafon é uma peça central na música de Djabaté. O músico explica as diferenças: «o balafon é feito com uma madeira, que se chama "pó de sangue", e que leva muitos anos a ser transformada. Está afinado em língua tradicional mandinga mas também se pode afinar como um piano ou um xilofone».
O novo disco foi produzido por Kimi e gravado por Francisco Rebelo, dos Cool Hipnoise. «O Francisco é um amigo que tem muito carinho pelo meu trabalho. Está sempre disposto a ajudar-me. Eu sabia que tinha que gravar um outro disco e juntei dinheiro há três, quatro anos para poder entrar em estúdio. Não é fácil encontrar uma editora que arrisque quando um músico não é conhecido. Mas eu tinha música que queria transmitir ao mundo e, por isso, sabia que tinha que gravar, fosse com editora ou em nome próprio. Fui para estúdio com o trabalho quase todo feito, claro que troquei algumas ideias com o Francisco. A música tem que ser partilhada com amigos e com outros músicos. Ele não me deixou fazer tudo sozinho e a opinião dele ajudou-me muito», explica.
Mesmo à distância, Kimi Djabaté não esquece os problemas de África e do seu país e reflecte sobre eles no disco.
«Todos os músicos africanos devem contribuir dessa forma. Nós temos de cantar para ajudar o povo. Se não cantarmos aquilo que sentimos e que pode ajudar ao desenvolvimento de África, fica tudo igual. Temos que ter a força de confrontar, não é arranjar armas ou fazer golpes de Estado, isso não adianta nada. Isso cada dia fica pior, tanta vingança, tanta revolução. E tudo pode ser falado e resolvido à mesa. Eu estou muito preocupado com o que se passa no meu país. A população não conhece os seus direitos, não sabe como movimentar-se dentro do seu próprio país. As pessoas votam mas não sabem o que significa um voto. Eu sempre pensei que um bom povo pode encontrar um bom Presidente, um bom governante. Chegou o momento de pensarmos que temos a obrigação de mudar o nosso país», remata.
Fonte: Cotonete

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