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É possível um violino de lata comprado no Roque Santeiro ser um stradivarius?
- 13-Nov-2010 - 14:41
Se é possível, então Angola merece todos os elogios pela sua democracia. Até mesmo ter um presidente não eleito, José Eduardo dos Santos, há 31 no poder
Angola comemorou agora 35 anos de independência e não faltaram mensagens de felicitações, todas enaltecendo os avanços registados, bem como a democracia instituída no país, mesmo esquecendo que José Eduardo dos Santos, o presidente da República, não eleito, está no cargo há 31 anos. A memória dos políticos ou não existe ou é demasiado curta.
Por Orlando Castro
Falar de domocracia em Angola é como comparar o violino de lata comprado no Roque Santeiro a um verdadeiro stradivarius- Importa recordar que as eleições legislativas angolanas de Setembro de 2009, tão empolgantes para a comunidade internacional, foram "viciadas" desde o início pelo partido no poder, razão pela qual se pode compreender a esmagadora vitória do MPLA.
Não. Nao foram nem são os jornalistas a dizê-lo. Quem o disse, na altura e com todas as letras, foi – entre outros - Paula Roque, analista de política internacional do Instituto de Estudos de Segurança (ISS), com sede em Pretória (África do Sul), adiantando que os "media" angolanos foram "totalmente manipulados" pelo poder que ao longo do tempo foi enquadrando a população para o seu único objectivo. Ganhar a todo o custo... mesmo pondo os mortos a votar.
"Os sobas (chefes do poder tradicional) estavam estruturados, os (agentes dos) serviços de informações espalharam-se pelo país para criar o medo, os apoiantes do MPLA foram muito agressivos em relação à oposição", sustentou a investigadora portuguesa, que esteve como observadora eleitoral nas províncias do Huambo e Luanda.
Sublinhando que, durante a sua permanência em Angola, manteve contactos com a sociedade civil, com a Igreja e com dirigentes partidários das principais forças políticas, Paula Roque disse na altura ter testemunhado, nalguns casos, e que lhe contaram, noutros, todas estas situações.
"O poder corrompe e o poder total corrompe totalmente. A manipulação extrema da votação levou a esta situação. Cria-se assim um 'Estado de informadores' que é muito perigoso para a democracia. É preciso ter confiança dentro do Estado, caso contrário", alertou Paula Roque, doutorada em Antropologia Social pela Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE) de Portugal.
Segundo a também mestre em Direitos Humanos, título obtido na London School of Economics, o reconhecimento, pela maioria das missões de observação eleitoral internacionais, de que a votação foi "livre, justa e transparente" tem também subjacente os grandes interesses económicos e políticos da comunidade internacional.
"Convinha manter a estabilidade política. Há grandes interesses económicos e políticos que não deixam que se questionem os direitos democráticos, pois o crescimento económico em Angola é o mais alto do mundo", afirmou a investigadora portuguesa, cujo mestrado se centrou particularmente nas leis dos Direitos Humanos e do Direito Humanitário e também nas Relações Políticas Internacionais em África.
Mas Paula Roque responsabiliza também a oposição por não ter previsto este desfecho e por não se ter organizado antes da votação, o que permitiu uma "propaganda extraordinariamente eficiente" por parte do MPLA.
"Tudo isto é mau para a democracia. Mas o ónus está agora do lado do MPLA, que terá de cumprir ao longo dos próximos anos as promessas feitas na campanha das legislativas", sublinhou Paula Roque, que trabalhou anteriormente no Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais como coordenadora do Programa de Análise da Presença da China em África.
"Agora, o governo será só MPLA, pois não haverá UNITA que, estranhamente, nem sequer recorreu para o Tribunal Constitucional para contestar os resultados. O MPLA não terá desculpa para não cumprir", concluiu a investigadora portuguesa.
E, calculando-se que quando MPLA quiser haverá eleições presidenciais, é esta a Angola que tantos elogios tem recebido pela sua democracia.

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