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Acampamento em ilha desabitada acaba em polémica por causa dos lixos
- 15-Sep-2003 - 19:51
O I Acampamento Juvenil na ilha desabitada de Santa Luzia, Cabo Verde, terminou domingo em polémica sobre o destino a dar aos lixos produzidos durante a estadia de três dias.
Os organizadores do encontro dividiram-se entre abandonar o lixo junto à praia utilizada para instalar o acampamento, ou, em alternativa, queimá-lo antes de partirem, mas a solução foi contestada por representantes de organizações ambientalistas presentes.
Considerando que tal solução punha em causa todo o espírito do acampamento e as acções de sensibilização em que tinham participado, um membro da organização ambientalista Greenpeece afirmou que não embarcaria, dispondo-se a ficar sozinho na ilha, mesmo sem possibilidade de sobrevivência dada a inexistência de água, e de víveres.
A atitude de Pepe Ibanez, de nacionalidade espanhola, recebeu de imediato o apoio dos membros do Natura 2000, um projecto coordenado pela Universidade das Canárias para o estudo e preservação das tartarugas marinhas Caretta caretta, que tem no arquipélago cabo- verdiano um dos principais pontos de nidificação do mundo.
Os responsáveis políticos presentes acabaram por se envolver na polémica, com o secretário de Estado do Turismo, Amílcar Lima, a argumentar que levar o lixo para outra ilha era transferir um problema, visto que os resíduos, nomeadamente os plásticos e os papéis, teriam igualmente como destino a queima.
Também a secretária de Estado da Juventude, Maria de Jesus Mascarenhas, considerou que levar o lixo para o barco, parte dele em decomposição, constituiria um risco para a saúde da comitiva.
O diferendo acabou por se solucionar quando o oficial das Forças Armadas responsável pelo acampamento se muniu dos sacos de lixo e convidou os contestatários a separarem os resíduos.
As embalagens metálicas e plásticas foram retiradas do meio dos restos dos alimentos, ensacadas, e transferidas em botes para o navio da guarda costeira fundeado na baía, que aguardava os expedicionários para a viagem de regresso.
A ilha desabitada de Santa Luzia, por diploma legal de 1990, foi reconhecida como futura reserva ecológica nacional, e o acampamento organizado pela Secretaria de Estado da Juventude, de sexta-feira a domingo, teve por finalidade proporcionar a sua redescoberta, e, simultaneamente, servir de sensibilização ambiental.
Durante a permanência, foram proporcionadas aos jovens visitas guiadas por biólogos a zonas de interesse ecológico, e realizadas palestras de sensibilização para a preservação de um ecossistema extremamente frágil como é o de Santa Luzia.
Santa Luzia, a única desabitada das dez ilhas do arquipélago cabo-verdiano, suscitou nos últimos meses uma particular atenção dos governantes, depois de séculos de esquecimento devido às condições adversas, de inaptidão para a agricultura e inexistência de reservas de água potável.
Há dois meses o primeiro ministro, José Maria Neves, acompanhado de diversos membros do governo deslocou-se à ilha. Depois disso, foi nomeada uma comissão inter-ministerial para apontar soluções para o seu aproveitamento, apontando-se o turismo ecológico com uma via possível.
Estas movimentações estão, contudo, a levantar reservas por parte de técnicos e activistas ambientais, receosos de que a "sedução" da extensa praia de sete quilómetros de areias brancas de Santa Luzia possa induzir a soluções que ponham em causa o precário ecossistema, onde estão identificadas oito espécies de plantas endémicas em risco de extinção, e a presença de aves e de tartarugas marinhas.
Domingo, ao fazer o balanço do I Acampamento Juvenil, de três dias, a secretária de Estado da Juventude manifestou-se satisfeita com os resultados do encontro, que, na sua opinião, "mexem com todo o Cabo Verde".
Para Maria de Jesus Mascarenhas, tratou-se de um "reencontro, de uma redescoberta, de abertura de Santa Luzia para todos os cabo- verdianos".
"Agora ela fica simbolicamente mais perto. Espero que haja mais iniciativas, e que os cabo-verdianos sintam a necessidade de cá estar", sublinhou.
Com uma área de 35 quilómetros quadrados, com baixo relevo (395 metros no pico máximo), Santa Luzia fica localizada entre as ilhas de S. Vicente e S. Nicolau.

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