Pesquisar |
|
Notícias |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Canais |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Siga-nos no
Receba as nossas Notícias

Quer colocar as Notícias Lusófonas no seu site?
Click Aqui |
|
Serviços |
»
»
»
»
»
|
|
|
Conversas
no
Café Luso |
|
|
|
CPLP
|
|
Portugal deve apostar já e em força nos PALOP
- 16-Nov-2002 - 19:27
Enquanto a companhia aérea espanhola Ibéria mostra todo, e mais algum, interesse na privatização da portuguesa TAP, o Governo garantiu no seu programa que iria «regulamentar a liberalização dos transportes regulares internacionais, com vista a permitir o aumento do grau de penetração por companhias aéreas nacionais em novas franjas de mercado». Por sua vez, os empresários portugueses voltam a acenar com o fantasma do perigo espanhol. No meio, os portugueses vão cantando e rindo já com um ar castelhano. E os países lusófonos?
Pela via económica a Espanha está, tanto em Portugal como em muitos outros países da lusofonia, a tomar conta do que pode ou, sobretudo, do que tem saída. Os supermercados estão cheio de bons, e mais baratos, produtos espanhóis, na banca somam-se os casos, e também na comunicação social, na construção civil, nas telecomunicações e, um dia destes, até vamos voar numa TAP castelhana. A globalização tem dessas coisas. Os mais fortes vencem e ou outros (orgulhosamente mais fracos) aplaudem.
COMPLEMENTAR A EUROPA COM ÁFRICA LUSÓFONA
Portugal escolheu a via europeia e, sem que a isso fosse obrigado, esqueceu outra solução que, podendo não ser alternativa, seria com certeza complementar: a Lusofonia. Agora não se pode queixar. É claro que ainda não perdeu o mercado lusófono, sobretudo em África, mas tudo indica que a noção estratégica de Lisboa se limita a procurar uma luz ao fundo do túnel... europeu.
A entrada na cruzada anti-espanhola dos empresários, já ensaiada há algum tempo, parece mais a reacção do mau perdedor do que a de um consciente vencedor. Ou seja, tudo estará bem enquanto o mal só estiver na casa do vizinho. Que fizeram os empresários para contrariar essa invasão? Que saída apontam, sem ser a de querer um lugar cativo debaixo do guarda-chuva do Governo, seja ele qual for?
É claro que nem todos os empresários alinham com Lisboa, havendo alguns que já compraram bilhete para Madrid. Ferraz da Costa, por exemplo, é dos que está sempre do outro lado e diz nada temer. Ainda bem. Falta saber se o diz por ter unhas para tocar guitarra ou se, pelo contrário, faz «play back» de uma qualquer canção de Julio Iglésias.
No contexto europeu, Portugal está condenado a ser derrotado por Espanha. Resta-lhe, para evitar um «KO» no primeiro assalto, não comparecer ao combate... por razões de força maior. É que aos portugueses, esse nobre povo que em tempos (recordam-se?) ajudou a dar novos mundos ao Mundo, interessa mais a qualidade e o preço do que o patriotismo do rótulo. Serão, aliás, muito poucos os que reparam se as cebolas, batatas e similares são «made in Portugal». E mesmo que reparem, fazem contas. E essas são, diga-se sem temor, favoráveis aos nossos vizinhos. É tão simples quanto isso.
E não foi isso que Portugal escolheu? O mercado é livre e o resto são cantigas. Não é possível ser europeu para receber fundos e, agora, querer ser simplesmente português porque chegou a altura de pagar a factura.
NÃO BASTA SONHAR COM A CPLP
A saída (uma delas, pelo menos) poderia estar a nível da CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa. No entanto, a fazer fé no que dizem os ministros portugueses, o Governo pode não saber para onde vai, mas sabe que não vai por aí.
Martins da Cruz, ministro de Durão Barroso, é claro quando afirma que «são áreas de actuação estratégica, no plano político-diplomático, de Portugal a defesa e a afirmação da língua e do substracto cultural português».
Pois. Nem isso está a ser feito, mas mesmo que estivesse, ficaria a séculos de distância do que é necessário.
Portugal embandeira em arco porque Angola vive em paz e porque Timor-Leste já é independente. E o resto? E dar de comer a quem tem fome? E montar fábricas? E ensinar os alunos? E criar hospitais? E construir quase tudo?
«As nossas respostas à globalização confluem igualmente no aproveitamento dos pólos e mecanismos políticos e económicos internacionais de que dispomos: a universalização da CPLP, que agora chega à Ásia-Pacífico, é para todos um novo inter-face de solidariedade internacional e, deste modo, mais um instrumento para enfrentar as tendências globalizantes do mundo de hoje.
Estas avenidas que a CPLP pode agora alavancar reflectem-se no diálogo Norte-Sul, mas também no contexto Sul-Sul», afirma Martins de Cruz.
Que é bonito, é. Que é poético, é. Mas de real tem muito pouco, sobretudo porque de promessas está o mundo (mormente o da CPLP) cheio. É simpático, mesmo em termos figurativos, falar de avenidas quando muitos dos lusófonos sé conhecem picadas.
Diz o ministro que, no âmbito do diálogo entre a União Europeia e os países africanos, «Portugal tem continuado nas instâncias comunitárias a chamar a atenção para a necessidade de ser evitada a marginalização do continente africano».
Enquanto Portugal não compreender que, mais do que opinar nos areópagos internacionais, deve fazer da CPLP e sobretudo dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa um desígnio nacional... não vai a lado nenhum. E quando resolver ir, já lá estarão outros, muitos outros, entre os quais espanhóis.
Enquanto o Governo português fala de «diplomacia económica» e da criação de um Conselho Empresarial da CPLP, os outros vão para o terreno e, dada a situação de carência, só se preocupam com a cor das paredes depois da casa construída.
«O futuro da nossa Comunidade deve ser desenvolvido com base num processo gradual, evoluindo através de pequenos passos, alicerçados em consensos pragmáticos e de acordo com a realidade e os condicionalismos concretos dos Estados membros. Será contraproducente definir metas irrealistas, que não são possíveis de concretizar tendo em conta a limitação dos nossos recursos», afirma Martins da Cruz.
Pois é. Portugal defende que se ausculte o doente, se façam todos os exames, se confrontem opiniões, se discuta se o doente deve ser medicado com genéricos ou medicamentos de marca. É assim a visão evoluída de um país que integra a União Europeia.
Só é pena que, mais uma vez, Portugal seja o protagonista do filme errado. O que os PALOP precisam é de uma coisa mais simples: comida. E, depois disso, precisam de aprender a pescar. É isso que os outros já entenderam e é isso que Portugal continua a não perceber.
Quando perceber dirá, sem complexos: Para África já e em força. Esperemos, contudo, que não seja tarde. Essa frase há muito que foi dita por países que nada sabem da Lusofonia.
JORGE CASTRO

Ver Arquivo
|
|
 |
|
|
|
|
|
|
|
|