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Angola terá sempre lugar cativo no coração do Papa João Paulo II
- 18-Oct-2003 - 11:42
O Papa sempre faz tudo para que a paz fosse uma realidade, mesmo que isso não tenha justificado o Nobel...
Durante os 25 anos de pontificado, Angola esteve no coração do Papa. Especialmente nos momentos mais difíceis, fez questão de lembrar ao mundo uma das “guerras esquecidas” do continente. O mês de Junho de 1992 trouxe João Paulo II a Angola. Foi ao Huambo, Lubango, Cabinda, Mbanza Congo e Luanda. Era o fim da guerra e do socialismo, e o princípio da esperança e da alegria. O Papa que veio do Leste europeu celebrou a solenidade do Pentecostes em Luanda, e recordou o primeiro Pentecostes que viveu como Papa, em 1979, mas fora de Roma: em Gniezno, na Polónia.
João Paulo II, acostumado a ver a mão da providência na sua vida, não hesitou em estabelecer um paralelo entre aquele Pentecostes polaco e este angolano: “os lugares geográficos são diferentes, mas é o mesmo sistema que programava um ateísmo ideológico. Do outro lado está a Igreja, que não programa, mas segue a Palavra de Deus, segue as promessas de Cristo”.
O Papa sente que o perigo do ateísmo passou para a sociedade de Angola, que “permaneceu africana, permaneceu angolana. Dentro desta sua identidade, permaneceu cristã e esperamos que seja cada vez mais cristã.”.
João Paulo II, que falava de improviso aos bispos, agradece a Eucaristia que nesse amanhã do domingo 7 de Junho concluiu o V Centenário da Evangelização de Angola. “Graças a Deus, temos ainda a África, onde a liturgia é tão profunda e espontaneamente vivida”.
A GUERRA ESQUECIDA
Mas a guerra voltou, o ano de 1993 vai ser cruel e João Paulo II em Roma vai levantar a sua voz pedindo o calar das armas. Em 21 de Fevereiro, no Vaticano, dirige-se “aos que têm poder” para “que se apliquem na paz para Angola: calem as amas, prevaleça o uso da razão! Faço meu o recente apelo dos cardeais de África: «Em nenhuma parte do mundo a violência e a guerra levaram à solução dos problemas da vida dos indivíduos e das comunidades»”.
Seis meses depois novo apelo, a 22 de Agosto. “Irmãos, porque vos matais?” é uma pergunta que o Papa lança naquele domingo, e que ecoa forte pela praça de S. Pedro, onde milhares de peregrinos o escutam, a maior parte dos quais ouvia pela primeira vez falar do drama que causava “milhares de mortos” no país. “Em nome de Deus, quero dizer a todos os angolanos: calai as armas e encontrai-vos para procurar os caminhos da reconciliação. Disponde-vos a falar, aceitai dar-vos as mãos: sois filhos do mesmo povo”.
Fevereiro de 1994. Começam a surgir sinais de esperança, e o Papa aproveita mais uma vez a recitação do Angelus de um domingo, para lembrar Angola, onde “o diálogo e o mútuo respeito parecem começar a afirmar-se sobre o ódio e a violência, ainda que permaneçam as graves consequências da guerra”.
O Protocolo de Lusaka vai ser assinado em Novembro desse ano, a paz não chega mas a guerra fica reduzida a acções esporádicas. Permanece a tensão e a desconfiança, a livre circulação de pessoas ainda não existe. Enquanto se tenta implantar os acordos assinados, desconfia-se do que verdadeiramente se passa no interior das províncias. Diante do Corpo Diplomático, João Paulo II exprime a 13 de Janeiro de 1996 a inquietação pelo que está acontecer. “Gostaríamos igualmente de poder constar progressos mais decisivos em Angola, onde os antagonismos políticos e a decomposição social impedem de falar de normalização”.
A 8 de Julho de 1997 são oficialmente instituídas as Relações Diplomáticas entre Angola e a Santa Sé. O Papa recebe as credenciais do novo embaixador angolano em 7 de Fevereiro de 1998 e aproveita para lembrar que “a cultura da violência deve dar lugar à cultura da paz”, e é preciso privilegiar “o bem comum aos interesses particulares”.
O papa sente a urgência de consolidar o processo de paz, então já ameaçado, por isso pede que se realize um encontro entre José Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi, que fará “crescer o clima de confiança e de estima recíproca, que muito contribuirá ao processo de normalização nacional e na região”. O encontro nunca se realizará e a guerra regressa, mais atroz que nunca.
Logo no primeiro domingo de 1999, diante dos peregrinos, lembra de novo Angola, já abertamente em “conflito fratricida”. Oito dias depois, no dia 11 de Janeiro, no encontro com o Corpo Diplomático, faz uma panorâmica do Mundo, e detêm-se em Angola, que “está sempre em busca duma paz impossível de ser encontrada”. O ano estava no início, e seria doloroso para o País.
O Papa acompanha a situação, e periodicamente vai lembrando ao mundo “«guerras esquecidas» que ensanguentam a África”, entre as quais a de Angola, como referiu no Angelus de 22 de Abril desse ano. Um conflito que atinge “sobretudo as populações inocentes e abalam a vida das comunidades católicas.”
APELOS A FAVOR DO POVO
Novo apelo a 22 de Agosto desse ano de 1999, com palavras mais duras. “Notícias cada vez mais preocupantes chegam de Angola onde, por causa de um conflito fratricida, se consome, no silêncio e no desprezo da dignidade humana, uma das crises humanitárias mais graves do Continente africano. O egoísmo de uns aliado a interesses de outros está a levar esta Nação a uma lenta e inexorável agonia, comprometendo também o futuro da inteira Região.”
João Paulo II sabe do sofrimento dos deslocados, da fome que dizima, por isso pede à “Comunidade Internacional um suplemento de solidariedade, de maneira a favorecer o renascimento da esperança e assegurar àquelas populações a paz e a justiça a que há muito tempo aspiram.”
O povo angolano precisa desta ajuda internacional, e o Sumo Pontífice aproveita várias ocasiões para mobilizar a solidariedade doutros povos e organizações. A 29 de Abril de 2002, quando recebia as credencias do novo embaixador angolano junto da Santa Sé, usa a sua autoridade moral e diplomática para desejar o sucesso à Conferência de Doadores que o Governo angolano quer organizar “para a "ressurreição" de Angola”. É a hora, diz o Papa, “de se fazerem vivos os verdadeiros amigos do povo angolano, ajudando-o a criar condições dignas de vida e uma segurança efectiva para todos.”
Um mês depois, a 9 de Junho, por ocasião do Angelus na praça de S. Pedro, mais uma vez ergue a sua voz para mobilizar ajuda para o país: “O meu pensamento dirige-se hoje para a querida população angolana que, depois dos sofrimentos de uma longa e sanguinolenta guerra civil, está a enfrentar uma dramática crise humanitária por falta de alimentos e dos cuidados médicos mais elementares, e devido ao perigo constante das minas anti-homem, que se encontram em todo o território.”
João Paulo II pede “que os recursos do País possam beneficiar todos os seus habitantes e constituir uma ajuda para a África inteira.”
Janeiro deste ano. De novo diante do Corpo Diplomático, Angola é evocada, já não com as cores das tragédia, mas desta vez como sinal de esperança. João Paulo II aponta a paz em Angola como exemplo de que “também a África nos oferece hoje a ocasião para nos alegrarmos”.
João Paulo II completou 25 anos de Pontificado. Em Roma celebrou com o colégio cardinalício e milhares de peregrinos uma eucaristia na Praça de S. Pedro e assinou a Exortação Apostólica pós-sinodal “Pastores Gregis” (Pastores do Rebanho), sobre a missão dos Bispos.
Nota: Artigo publicado no Jornal O Apostolado

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