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Um ano após a eleição, Lula tem ainda grande popularidade
- 26-Oct-2003 - 14:18
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva estará ao lado de líderes socialistas como António Guterres, Felipe González e Mikhail Gorbachov na segunda-feira, dia em que completa 58 anos e comemora o primeiro aniversário da sua eleição para a Presidência do Brasil.
Por Carla Mendes
da Agência Lusa
Segunda-feira, Lula abrirá o congresso da Internacional Socialista, em São Paulo, gozando ainda de uma popularidade bastante grande, apesar da queda registada na última pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes feita pelo Instituto Sensus.
O presidente brasileiro foi avaliado positivamente este mês por 41,6 por cento dos entrevistados, contra 48,3 por cento em Agosto, e o seu governo foi considerado bom por 33,6 por cento e óptimo por oito por cento dos inquiridos.
Eleito com 52,790 milhões de votos, o equivalente a 61,2 por cento dos votos válidos, a 27 de Outubro de 2002, Lula colocou como prioridade do seu governo a luta contra a fome, o que já lhe valeu o prémio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional, entregue na sexta-feira na Espanha.
Mas o "Fome Zero", tido como o dinamizador dos programas sociais do governo Lula, passou por inúmeros problemas de gestão e, quase dez meses depois de lançado, foi incluído no "Bolsa-Família", resultado da fusão de quatro programas federais de transferência de renda.
O "Bolsa-Família" nasce com a previsão de beneficiar sete milhões de famílias em 2004 e vai custar 5,3 mil milhões de reais (1,5 mil milhões de euros).
"Acho que agora estamos no eixo certo", declarou o presidente no passado dia 20, durante o anúncio da unificação dos programas sociais, considerada decisiva para o governo Lula melhorar o seu desempenho numa área que não tem dado as respostas pretendidas.
Segundo recente pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), seis milhões de crianças brasileiras vivem em condições de absoluta pobreza, das quais 1,3 milhões sofrem de problemas alimentares como a desnutrição e a fome.
O Brasil encontra-se também na difícil situação de país mais desigual da América Latina.
Os 10 por cento dos brasileiros mais pobres recebem apenas 0,9 por cento da renda do país, enquanto os 10 por cento mais ricos ficam com 47,2 por cento, de acordo com um relatório do Banco Mundial divulgado no final da semana passada.
Observadores políticos admitem que as mudanças sociais não se fazem da noite para o dia, mas assinalam que o tão prometido "espectáculo do crescimento" pelo presidente Lula, fundamental para reduzir as desigualdades, não se verificou nestes dez meses de governo.
Apesar da redução da taxa de juros brasileira, que iniciou 2003 em 25 por cento ao ano e caiu para 19 por cento na última semana, os empresários reclamam que os juros reais (12 por cento ao ano, descontada a inflação), os mais altos do mundo, são incompatíveis com investimentos na produção.
No entanto, reconhecem que o governo Lula conseguiu controlar a inflação e que o risco do Brasil caiu de 2400 pontos para 600 pontos nos últimos dez meses.
Por outro lado, a dependência dos juros altos por parte de investidores estrangeiros é um dos factores que está a provocar a fuga de capital do Brasil.
Os estrangeiros, principalmente bancos internacionais, retiraram 2,7 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) do Brasil nos primeiros nove meses deste ano.
Em Janeiro, o Banco Central (BC) previa que o Brasil receberia 16 mil milhões de dólares (13,5 mil milhões de euros) de investimentos estrangeiros em 2003.
Esta estimativa caiu para 10 mil milhões de dólares (8,5 mil milhões de euros) e mesmo este valor poderá não ser atingido.
De acordo com a última previsão do BC, o Brasil deverá crescer apenas 0,6 por cento em 2003.
Se a estagnação da economia estimula o aumento das exportações para compensar a retracção do mercado interno, a balança comercial nos primeiros nove meses de 2003 teve um saldo positivo de 17,797 mil milhões de dólares.
No entanto, a retracção do mercado interno levou o desemprego a bater recordes.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego em Setembro foi de 12,9 por cento da população economicamente activa e a renda média do trabalhador brasileiro caiu quase 15 por cento nos últimos 12 meses.
No Congresso Nacional, onde tramitam os projectos de duas importantes reformas - a previdenciária e a tributária - o presidente Lula tem registado vitórias, ainda que, paralelamente, tenha sofrido fortes desgastes junto a sectores da população, como os funcionários público, insatisfeitos com o projecto da Previdência.
O governo Lula também sofre desgastes por causa da autorização do plantio de soja transgénica para a safra deste ano, denúncias de nepotismo e escândalos envolvendo os mais altos escalões do executivo.
É o caso, por exemplo, da ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, que, após muita polémica, acabou por devolver aos cofres públicos o dinheiro usado para uma viagem a Buenos Aires com fins supostamente particulares.
Em relação à política externa, o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva elegeu o Mercosul e a África, nomeadamente os países de expressão portuguesa, como prioridades e aproximou-se de países em desenvolvimento, marcando posições de liderança neste grupo, como na última reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), há cerca de um mês, em Cancún.
Apesar do fracasso da reunião da OMC, o Brasil conseguiu estabelecer uma forte aliança com cerca de 20 outros países para defender a abertura do comércio agrícola.
O Brasil fez também uma parceria estratégica, no mês de Junho, com a África do Sul e a Índia, formando o chamado G3, e tem procurado estreitar relações com a China, Rússia e Países Árabes.
Em relação à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o Brasil endureceu o tom nas negociações.
O ministro Celso Amorim diz que os Estados Unidos não podem impor um modelo de Alca e que a época do pensamento único já passou.
Este tema, entretanto, tem provocado profundas divergências no governo Lula.
Os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, têm uma posição mais conciliatória no que se refere às negociações com a maior economia do mundo.
Alguns analistas acreditam que a tendência é de que as divergências entre Brasil e Estados Unidos façam avançar as negociações entre Mercosul e União Europeia (UE) de forma mais significativa.
Os europeus consideram lentas as negociações em curso e temem que, se não houver uma dinamização nas conversações entre os dois blocos, o ano de 2004 poderá ser perdido, com uma UE alargada a partir de Maio próximo, que certamente voltará suas atenções mais para o Leste Europeu.
Ainda no cenário internacional, o Brasil de Lula vai investir na campanha para ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Com a eleição do Brasil, na quinta-feira, como membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU, pela nona vez, a sua candidatura como membro permanente ganha mais possibilidades de se concretizar.
Para concretizar esse desejo o Brasil terá antes de pagar pelo menos um terço da dívida de 61 mil milhões de dólares (51,7 bilhões de euros) que tem com a organização.

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