Pesquisar |
|
Notícias |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Canais |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Siga-nos no
Receba as nossas Notícias

Quer colocar as Notícias Lusófonas no seu site?
Click Aqui |
|
Serviços |
»
»
»
»
»
|
|
|
Conversas
no
Café Luso |
|
|
|
Cultura
|
|
Muito mudou em Macau nos últimos quatro anos
- 19-Dec-2003 - 14:44
Quatro anos após a transferência de poderes de Portugal para a China, Macau está muito diferente e cumpriram-se os prognósticos mais optimistas relativamente ao antigo território sob administração portuguesa, consideram jornalistas portugueses residentes.
Em Dezembro de 2003, Macau "está muito diferente" do território de 1999, e os últimos quatro anos foram vividos pela comunidade portuguesa de "forma muito intensa" e com "vários estados de espírito", sublinhou à agência Lusa o jornalista João Francisco Pinto.
"Logo a seguir à transferência enfrentámos uma certa sensação de orfandade que foi rapidamente substituída por algumas dúvidas quanto ao futuro na Região", disse o jornalista, ao explicar que a apreensão se justificava porque "estavam em causa as garantias no uso da língua, presença de especialistas portugueses em algumas áreas e o peso da comunicação social, entre outros pontos".
No entanto, continuou o chefe de redacção do canal português da TDM, "gradualmente foi-se instalando um sentimento de confiança, alicerçado nas declarações oficiais, mas também nas acções concretas da administração".
Já José Rocha Dinis recorda os tempos difíceis que têm assolado Macau, como a pneumonia atípica e a crise económica que se faz sentir desde 1997 agravada com o 11 de Setembro, destacando a resposta eficaz das autoridades locais.
"Para grandes males, grandes remédios" foi a máxima escolhida pelo director do Jornal Tribuna de Macau para definir a actuação das autoridades de Macau no combate à pneumonia atípica.
"O modo como, desde o primeiro minuto, souberam interpretar os riscos, assumindo medidas de emergência, permitiu minorar o problema, reforçou a confiança da população e levou ao lançamento de uma série de acções que vieram a dar frutos nos meses seguinte", afirmou.
E hoje, disse ainda José Rocha Dinis, Macau, "mantendo as linhas estratégicas gerais que vinham a década anterior", é uma Região que tem mantido uma "continuidade evolutiva com o lançamento de acções que reforçaram o aproveitamento da especificidade da Região abrindo novos horizontes".
O director do diário Hoje Macau entende que se cumpriram os prognósticos mais optimistas para o futuro da Região e destaca a melhoria da segurança pública, o "aguentar" da máquina administrativa e a liberalização do jogo.
A "mão amiga" de Pequim na preservação da língua portuguesa é também um dos pontos destacados por Carlos Morais José, já que, sublinha, a atitude do Governo Central em atribuir ao Executivo local o papel de elo de ligação com os países lusófonos "demonstra que entende, e não se rejeita, as características histórico-culturais de Macau, abrindo caminho para um melhor aproveitamento das capacidades dos que aqui se exprimem em português".
Carlos Morais José sustenta ainda que os portugueses "estão talvez melhor integrados do que em Dezembro de 1999" e que os "problemas que existem passam mais por Lisboa do que pela Praia Grande".
"É o caso da Escola Portuguesa de Macau, um marco essencial da presença portuguesa, cujo futuro indefinido preocupa naturalmente a comunidade", disse.
Para Gilberto Lopes, chefe do canal português da Rádio Macau, os problemas que a comunidade portuguesa tem enfrentado são provocados por Portugal ou por instituições de matriz portuguesa.
Logo após a criação da Região Administrativa Especial de Macau, os portugueses foram confrontados com a não renovação das autorizações das comissões de serviço dos médicos portugueses pela então Ministra da Saúde Manuela Arcanjo e até agora têm sido confrontados com problemas de financiamento da Escola Portuguesa, pela Fundação Oriente.
Apesar de algumas contrariedade, Gilberto Lopes afirma que o número de portugueses hoje residentes é superior ao existente em Janeiro de 2000, verificando-se, embora sem números oficiais, que hoje há jovens quadros que aqui nunca haviam trabalhado, nomeadamente jornalistas e juristas.
A presença e a importância da influência portuguesa na vida de Macau "tem sido reforçada" com o apoio do Governo central chinês, que deu a Macau o papel de ligação na cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa, mas a comunidade vai entrar em 2004 centrando as suas preocupações em torno do futuro da Escola Portuguesa, que "é o mais importante projecto para a presença futura de uma comunidade portuguesa em Macau".
Globalmente, Gilberto Lopes faz uma apreciação "francamente positiva" dos primeiros quatro anos da Região Administrativa Especial de Macau e salienta o "desenvolvimento verificado" apesar de se terem enfrentado algumas crises como a pneumonia atípica.
Ricardo Pinto, director do diário Ponto Final, recorda que "entre o anão Macau e a gigante China" a desproporção de forças e a diferença de escalas faz com que "qualquer gesto de Pequim de apoio à RAEM, por mínimo que seja, tem reflexos profundamente significativos" na vida local.
Foi o que aconteceu na concessão de vistos individuais de visita de cidadãos do continente a Macau e a Hong Kong, uma medida tomada mais em auxílio de Hong Kong mas que acabou por beneficiar Macau e a sua economia, considerou.
"Isso bastou para que as receitas do turismo e do jogo disparassem no final do ano, elevando os índices de crescimento do PIB a níveis nunca antes vistos", sublinhou.
Recordando que a pneumonia atípica serviu para demonstrar a vulnerabilidade das economias quase exclusivamente dependentes do turismo e do jogo, Ricardo Pinto salienta também que as autoridades de Macau deram um "passo na direcção certa" ao iniciarem, com autorização de Pequim, a construção do parque industrial transfronteiriço de forma a "diversificar o possível" na estrutura económica local.
Radicado há 20 anos em Macau, Harald Bruning, um jornalista alemão que fala fluentemente português, diz por sua vez que o desenvolvimento económico e sócio-politico de Macau em quatro anos "foi muito mais positivo do que se poderia pensar", em grande parte devido ao fim da criminalidade violenta "nas ruas de Macau" e à "gestão cuidada das finanças públicas".
Sublinhando que Pequim tem cuidado melhor dos interesses de Macau do "que Lisboa alguma vez fez", Harald Bruning destaca também a melhoria da prestação de serviços ao público e as reformas do Executivo realizadas de forma pacífica, bem ao contrário dos vizinhos de Hong Kong, onde a contestação é corrente.
E devido às diferenças entre os sistema político e judicial entre Macau e Hong Kong, Harald Bruning considera que se pode afirmar que a China vive hoje num esquema, não de "um país, dois sistemas", mas de "um país, três sistemas, excluindo o quarto sistema de Taiwan".

Ver Arquivo
|
|
 |
|
|
|
|
|
|
|
|