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Quando a vontade vence o destino
ou um exemplo para todo o Mundo

- 11-Jan-2004 - 18:25


A história de uma cabo-verdiana que escreveu com muito sacrifício uma página de ouro da Lusofonia

Clara Silva tinha 17 anos quando emigrou para Itália para trabalhar como empregada doméstica, relata a Jornalista Natacha Magalhães no Jornal “A Semana on line”. Inconformada com o seu destino, Clara desde logo lutou para alcançar o sonho que há muito a acompanhava: ser professora. E, com muita vontade, conseguiu e hoje é uma conceituada docente da Universidade de Florença. A Semana online conversou com essa emigrante que nos falou do seu percurso, da emigração na Itália, da integração dos nossos emigrantes nesse país e dos projectos que têm para Cabo Verde, que diz ser “Um bom sítio para se viver”. Com a devida vénia transcrevemos a entrevista que dá corpo e alma a uma história de sucesso.


Gostaríamos que nos contasse um pouco do seu percurso, desde que saiu de Cabo Verde até chegar à Itália.

Fui para Itália no percurso normal da imigração das mulheres cabo-verdianas para aquele país, que começou na década de 70. Pelas mãos dos Padres Capuchinhos, recebi a “carta de chamada” para trabalhar com uma família da burguesia italiana. Movida pela curiosidade fui para lá mas quando cheguei deparei-me com algo de que não gostei.

Do que é que não gostou?

Um facto que me fez chorar foi lembrar-me da minha família, de como nas horas das refeições reuniamo-nos à mesa. Também sentia que aquele trabalho não me satisfazia pois queria mais e sempre tive o sonho de puder continuar os meus estudos.

O que fez para mudar a situação?

A insatisfação gerou em mim a necessidade de mudar. Ao mesmo tempo que trabalhava para a família que me acolheu, recomecei a estudar porque tinha a ideia fixa de voltar par Cabo Verde e ser professora, pois um dos meus maiores desejos era o de ajudar a combater o analfabetismo no meu país. Conclui os estudos liceais e depois ingressei na universidade, onde tirei o curso de Pedagogia.

Teve algum apoio ou teve que lutar sozinha?

Para continuar os meus estudos contei com a ajuda das Irmãs Cambonianas, uma Ordem religiosa existente na altura, em Itália.

E depois do curso, o que aconteceu?

No último ano do curso, conheci o homem que viria a ser o meu marido e casei-me. A partir daí, a ideia inicial de voltar à Cabo Verde foi sendo adiada e passei a querer conhecer cada vez mais aspectos da comunidade italiana, sem no entanto deixar de lado o conhecimento sobre Cabo Verde. Fiz um doutoramento em Pedagogia Cultural e passei a leccionar esta disciplina na Universidade de Florença onde estou até agora.

Voltando um pouco atrás no seu percurso, como foi a sua integração?

A integração não foi fácil. É difícil para nós, emigrantes, termos as mesmas oportunidades dos cidadãos italianos. A sociedade Europeia preparou um lugar para os imigrantes e pensa que não podemos ir mais além. Apesar de não ser um povo fechado, existe na Itália um racismo subtil que torna a vida do imigrante bastante difícil. Mesmo assim, penso que não é um racismo que nos impede de prosseguirmos com os nossos objectivos. O que é preciso é ter força de vontade, espírito de luta e capacidade comunicacional.

E no exercício da sua profissão, nota alguma espécie de preconceito devido a sua origem?

Não. Não noto isso nem com relação aos colegas nem com os meus alunos, inclusive tenho uma boa relação com eles. O importante para nós é incluirmo-nos na sociedade, no ambiente, no grupo.

Relativamente aos nossos imigrantes na Itália, como estão integrados?

Penso que estão bem integrados e com uma identidade forte, principalmente os mais velhos. Apesar das dificuldades, não encontramos casos que aparecem noutras comunidades cabo-verdianas. A título de exemplo, não existe em Itália um único caso de um cabo-verdiano preso. Em Roma há uma forte associação de cabo-verdianos, com pessoas batalhadoras que fazem um excelente trabalho em prol da nossa comunidade.

E como classifica a segunda geração de cabo-verdianos neste país?

Penso que há um problema com essa geração. Conhecem pouco Cabo Verde, têm pouca informação sobre Cabo Verde porque os pais não têm muito tempo para estarem com os filhos e conversarem com eles e transmitirem aspectos da identidade de Cabo Verde. O próprio programa escolar não ajuda pois é bastante eurocêntrico e com tendência para passar aspectos negativos da África e dos africanos. Logo surge um problema na formação, afirmação e aceitação da identidade cabo-verdiana.

Como é que os imigrantes em Itália acedem às informações sobre Cabo Verde?

Pela Internet. Há em Roma, uma rádio que nos dá notícias da terra. Mas basicamente recorre-se às Novas Tecnologias de Informação

Sabemos que uma das razões que a trouxe ao país prende-se com um projecto ligado ao ensino. Quer falar um pouco disso?

Trata-se de um projecto que começou há quatro anos financiado pelo Município de Toscana e posteriormente pelo Ministério da Educação da Itália.É um projecto de cooperação entre a Universidade de Florença e o ISE que pretende fomentar a troca de professores das duas instituições de ensino. Pretendemos ainda implementar o ensino à distância de disciplinas inexistentes nos currículos do ISE, no âmbito de um programa concordado com os docentes do Instituto. Neste momento, está a ser leccionada a disciplina de Pedagogia Intercultural.

Sendo imigrante e passando a maior parte da sua vida fora, como vê o crescimento de Cabo Verde?

Tenho uma ideia muito positiva sobre o desenvolvimento do país. È um país que se está transformando com uma grande rapidez. Naturalmente, esta transformação tem algumas falhas mas todas as transformações têm as suas falhas. Vejo que o que falta é algum civismo por parte de algumas pessoas e há pouco exercício da cidadania. Mas apesar disso, vejo um país com muita energia e com muita vontade de mudar. No entanto, há algo que os cabo-verdianos tem que mudar: a ideia de que o vem do exterior é melhor. É preciso olhar pelas nossas coisa, valorizar o que é nosso, mudar essa atitude. Mas isso passa por uma mudança cultural.

O que gostaria de dizer ao nosso povo espalhado pelas ilhas e pela diáspora?

Amar o mais possível a nossa terra e fazer tudo para mudá-la para melhor. Para os que cá vivem gostaria de dizer que às vezes o que nos parece bom, o que ouvimos e vemos, não passa de uma ilusão. Em Cabo Verde, com condições mínimas, é possível viver bem porque nós temos tudo o que é preciso para o ser humano viver bem: temos um bom clima, tranquilidade e as relações interpessoais são boas. Muito diferente da maneira como se vive no estrangeiro.


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