Pesquisar |
|
Notícias |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Canais |
»
»
»
»
»
»
»
»
»
|
 |
Siga-nos no
Receba as nossas Notícias

Quer colocar as Notícias Lusófonas no seu site?
Click Aqui |
|
Serviços |
»
»
»
»
»
|
|
|
Conversas
no
Café Luso |
|
|
|
Entrevista
|
|
«População já não tem tanta fome e já pode votar», diz o Presidente
- 25-Mar-2004 - 14:25
O presidente da Guiné-Bissau declarou hoje que a população guineense já foi "alimentada material e espiritualmente", razão pela qual está em condições de votar, em consciência, nas eleições legislativas de domingo.
Por José Sousa Dias
da Agência Lusa
Numa entrevista à Agência Lusa, Henrique Rosa lembrou a frase por si proferida na altura da sua tomada de posse, a 28 de Setembro de 2003, quando afirmou que um guineense com fome nunca poderia votar livremente e em consciência.
"Na altura, havia uma grande fome e também uma fome espiritual, pois os guineenses não recebiam salários há mais de 10 meses. Hoje, passados quase seis meses, embora as coisas não estejam ultrapassadas a 100 por cento, já há condições psicológicas para votarem", sustentou o chefe de Estado da transição guineense.
Para Henrique Rosa, ao longo do período de transição, na sequência do golpe de Estado de 14 de Setembro de 2003, foi-se criando uma grande expectativa entre os eleitores, sobretudo pelo facto de as eleições poderem resolver grande parte dos problemas.
"As condições estão criadas, estão criadas também as condições psicológicas para que as pessoas possam ir votar. Continuamos com uma fome relativa de pão, mas penso que a fome maior foi resolvida em 80 por cento", sublinhou.
Questionado sobre eventuais perigos resultantes das dificuldades ligadas ao processo eleitoral, designadamente na questão do recenseamento, Henrique Rosa desdramatizou a situação, assegurando "confiar na maturidade" do povo guineense.
"Acredito na maturidade do povo guineense e, pelo sofrimento por que já passou, penso que não irá enveredar por esse caminho. Só haverá perigo se as pessoas não acreditarem", sublinhou.
Henrique Rosa lembrou que, em Setembro último, ninguém acreditou ser possível realizar as eleições no prazo de seis meses, nem tão pouco concretizar os objectivos definidos na Carta de Transição Política (CTP) para o governo de transição liderado por Artur Sanhá.
Em quase seis meses, enunciou, os órgãos de transição conseguiram regularizar a situação salarial - embora tenham ficado ainda por pagar os atrasados de 10 meses na Função Pública - organizar minimamente a estrutura do Estado e criar bases para a economia do país começar a fluir.
"Foi um trabalho articulado entre a Presidência, Conselho Nacional de Transição (CNT, mini-Parlamento) e governo e esse trabalho foi salutar, porque demonstra que houve uma grande seriedade na forma de encarar os problemas do país", realçou.
Na sua avaliação, "isso levou a que houvesse alguns desencontros, pontuais, normais, mas, no fundo, conseguiu-se superar tudo com um grande espírito patriótico que estes três órgãos têm".
Quanto ao papel desempenhado pelo militares em todo o processo, Henrique Rosa mostrou-se agradavelmente surpreendido, pois demonstraram, "mais uma vez", que são de "confiança".
"Os militares têm-nos dado garantias de que se vão manter republicanos e neutros e que vão defender a soberania do país e não vão entrar em problemas após as eleições", disse.
"Essas são garantias dadas por homens que eu conheço bem, homens do Comité Militar (para a Restituição da Ordem Constitucional e Democrática, que protagonizaram o golpe de Estado de Setembro) que me merecem todo o respeito e me merecem toda a confiança", frisou.
Henrique Rosa assegurou ainda que, neste momento, não há nada que o leve a pensar que os militares não serão fiéis à sua palavra.
Destacou sobretudo a acção do general veríssimo Correia Seabra, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), líder do Comité Militar e ainda presidente do Conselho Nacional de Transição.
Garantindo que domingo vai votar - "não digo em quem" -, Henrique Rosa escusou-se a fazer vaticínios eleitorais, mas observou ser "aparentemente certo" que nenhuma força política vai vencer as eleições com maioria absoluta.
Questionado pela Lusa sobre se perspectiva candidatar-se às eleições presidenciais de (ao que tudo indica) Março de 2005, altura em que termina a transição, Henrique Rosa respondeu que, "neste momento", essa candidatura não está nos seus horizontes.
"Tenho uma missão a cumprir e a Carta de Transição Política, a esse nível, não me impedirá de o fazer. Mas, neste momento, não está nos meus horizontes", concluiu.
Henrique Rosa, que é o sexto chefe de Estado da Guiné-Bissau em 31 anos de independência, o segundo interino, não tem militância partidária e é considerado um homem "muito ligado" à Igreja Católica.
O antigo empresário, de 48 anos, foi, no passado, cônsul honorário da Bélgica e presidiu, no início de 1994, à Comissão Nacional de Eleições (CNE) na primeira votação multipartidária realizada no país, em Julho de 1994.
No entanto, antes das eleições, abandonou o cargo por "divergências funcionais" com o partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, antigo partido único) e regressou à vida empresarial.

Ver Arquivo
|
|
 |
|
|
|
|
|
|
|
|