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Jovens de Luanda aderem ao ensino do quimbundo, língua nacional
- 22-Apr-2004 - 14:32
As línguas nacionais são quase desconhecidas para a maioria dos jovens de Luanda, a capital angolana, mas o problema pode ser resolvido com facilidade, como provou um colégio privado que introduziu o quimbundo no currículo escolar.
"Eme nguejia kuzuela kimbundu" (Eu sei falar quimbundo) é uma frase que pode ser dita pelos cerca de 300 alunos, do quinto e sexto anos de escolaridade, que frequentam as aulas desta língua nacional no Colégio Elizângela Filomena, em Luanda.
Os alunos, com idades entre os 10 e os 12 anos, têm sete horas por semana desta disciplina e, segundo António Adão, um dos dois professores de quimbundo, o interesse pela aprendizagem é grande.
Um interesse que recebe uma importante ajuda de algumas das músicas mais ouvidas nas rádios e nas discotecas de Luanda, interpretadas nesta língua nacional.
"Durante as aulas, os alunos fazem perguntas curiosas, pedem sobretudo a tradução de expressões que ouvem em músicas feitas em línguas nacionais", afirmou António Adão.
Nas aulas de quimbundo, como noutra língua qualquer, a primeira coisa que os alunos aprendem é a saudar as outras pessoas, evoluindo depois progressivamente para outras frases.
"Lembro-me que, na primeira aula que dei, os alunos ficaram tão entusiasmados que, no intervalo, só se ouvia nos corredores eles a repetirem o que tinham aprendido, o que para mim foi uma grande satisfação", afirmou o professor.
Lowa de Deus, 11 anos, a melhor aluna de quimbundo da turma da sexta classe, disse que a aprendizagem desta língua permitiu- lhe "conversar com a avó", que quase não se exprime em português.
"Quando chego a casa converso com a minha mãe em quimbundo, mas o que me deixa mais feliz é poder conversar com a minha avó, que fala mais quimbundo do que português", afirmou.
Angola tem uma língua oficial, que é o português, mas possui também sete línguas nacionais, a mais importante das quais é o umbundo, que é falada por cerca de 80 por cento da população angolana.
As restantes línguas nacionais são o quimbundo (Luanda, Cuanza Norte, Bengo e Malange), kicongo (Uíge e Zaire), tchokwé (Lundas Norte e Sul), fiote (Cabinda), nganguela (Cuando Cubango, Moxico e leste da Huíla) e kuanhama (Cunene).
Face ao crescente número de jovens que não fala nenhuma língua nacional, a sua aprendizagem no sistema de ensino oficial tem vindo a ser defendida nos últimos anos, mas ainda não obteve uma resposta positiva do Ministério da Educação.
"A língua nacional é um dos padrões principais da nossa cultura, dos nossos valores e identidade", afirmou Conceição Stock, directora pedagógica do Colégio Elizângela Filomena.
Por essa razão, depois de experiências realizadas desde 1998 com o quimbundo e o umbundo, desde o ano lectivo passado a aprendizagem do quimbundo passou a fazer parte do currículo dos alunos daquele colégio que frequentam os quinto e sexto anos de escolaridade.
A opção pelo quimbundo resulta do facto de Luanda se encontrar numa zona geográfica onde esta língua nacional é mais falada, o que motivou uma maior adesão dos alunos.
Para Conceição Stock, "o ensino das línguas nacionais, que se falam cada vez menos, deveria ser incentivado para valorizar e identificar os angolanos".
"Eu sinto-me orgulhosa quando vejo alguém a falar uma língua nacional, porque isso dá-nos um certo valor e prestígio", salientou.
A criação desta nova disciplina foi "aceite com interesse e entusiasmo" pelos alunos, mas levantou "alguns problemas" com os encarregados de educação, que inicialmente não aceitaram muito bem a ideia.
"Provavelmente devido ao sistema em que viveram, em que a língua nacional era vista como um aberração, a inserção do quimbundo no currículo escolar levou alguns encarregados de educação a retirar os seus filhos do colégio", afirmou Conceição Stock.
Outro problema foi a escolha da língua, já que havia encarregados de educação de outras regiões de Angola, para quem não era importante que os filhos aprendessem quimbundo, mas a língua falada na região de onde são naturais.
Ultrapassadas estas dificuldades, o ensino do quimbundo acabou por entrar na normalidade e as aulas são actualmente frequentadas por cerca de 300 crianças.
O próximo passo é a criação de material de apoio, que actualmente é feito pelos professores, através de apontamentos que vão utilizando e distribuindo aos alunos.
"Estamos ainda numa fase embrionária, mas temos prevista a criação de uma gramática e de manuais para melhorar e incentivar o ensino da língua quimbundo", salientou Conceição Stock.

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