As Notícias do Mundo Lusófono
 Notícias de Angola Notícias do Brasil Notícias de Cabo Verde Notícias da Guiné-Bissau Notícias de Moçambique Notícias de Portugal Notícias de São Tomé e Príncipe Notícias de Timor Leste
Ir para a página inicial de Noticias Lusofonas desde 1997 director: Norberto Hossi
 Pesquisar
 
          em   
 Notícias

 » Angola
 » Brasil

 » Cabo Verde
 » Guiné-Bissau
 » Moçambique
 » Portugal
 » S. Tomé e Príncipe
 » Timor Leste
 » Comunidades
 » CPLP
 
Informação Empresarial
Anuncie no Notícias Lusófonas e divulgue a sua Empresa em toda a Comunidade Lusófona
 Canais


 » Manchete
 » Opinião
 » Entrevistas
 » Cultura
 » Desporto
 » Comunicados
 » Coluna do Leitor
 » Bocas Lusófonas
 » Lusófias
 » Alto Hama

 » Ser Europeu

Siga-nos no
Siga o Notícias Lusófonas no Twitter
Receba as nossas Notícias


Quer colocar as Notícias Lusófonas no seu site?
Click Aqui
Add to Google
 Serviços

 » Classificados
 » Meteorologia
 » Postais Virtuais
 » Correio

 » Índice de Negócios
 
Venha tomar um cafezinho connoscoConversas
no
Café Luso
 
  Cultura
Cronistas estrangeiros dos anos da «luta e do sonho»
- 24-Apr-2004 - 14:32

Uns chegaram após a independência, outros aproveitaram o fim do regime colonial para optar pela nacionalidade moçambicana - em comum, têm a profissão de jornalista, a raça branca e o desejo de permanecer no país que consideram seu.


Por Luís Andrade de Sá
da Agência Lusa

"Tenho umas enormes saudades da cerveja de Londres e do ambiente cultural da cidade mas não pretendo voltar", garante o inglês Paul Fauvet, 54 anos, chefe do serviço de língua inglesa da Agência de Informação de Moçambique (AIM), em Maputo desde 1981.

Na imprensa moçambicana resiste ainda um grupo de "estrangeiros" brancos, muitos deles chegados ao país pela via da militância anti-colonial e que assumem que apostaram na "aventura da FRELIMO de criar uma sociedade socialista" em África.

"A educação, a saúde e as expectativas numa vida melhor são os resultados dessa experiência socialista", diz Frances Christie, 56 anos, escocesa, viúva de um famoso jornalista, Ian Christie, com quem chegou a Moçambique em Dezembro de 1975.

Frances, que obteve, entretanto, a nacionalidade moçambicana, foi colocada no centro de documentação da AIM e o seu marido tornou-se no mais conhecido jornalista da Voz do Zimbabué, emitida a partir de Maputo, e a quem os meios brancos da então Rodésia chamavam "Lord MacHawu", numa adaptação "à escocesa" do nome de um irlandês que colaborou com os nazis durante a II Guerra Mundial.

Olhando o passado, os jornalistas garantem que não se arrependem da opção por Moçambique, mesmo nos tempos mais duros da guerra civil ou da pressão ideológica do Governo da FRELIMO.

"Nunca senti nenhuma pressão porque eu estava dentro do projecto", diz Maria de Lurdes Torcato, 62 anos, em Moçambique desde 1962 e que, após a independência, trocou a nacionalidade portuguesa pela moçambicana.

"Levantávamos questões quando tínhamos dúvidas e perdíamos sempre mas ficava a ilusão de que tudo podia ser discutido", refere a jornalista que esteve na fundação da revista Tempo e foi correspondente da AIM na África do Sul, durante o "apartheid".

"Claro que tínhamos um jornalismo "engajéÈ, estávamos num país em guerra e num projecto de construir o socialismo mas queríamos evitar o jornalismo cinzento", admite Fauvet, biógrafo de Carlos Cardoso, o jornalista moçambicano assassinado em 2000, e com quem trabalhou nesses tempos na AIM, a agência noticiosa moçambicana.

"Uma vez publiquei uma notícia sobre um julgamento no boletim mensal em língua inglesa e o secretário-geral do Ministério da Informação mostrou-se irritado. Respondi-lhe que essa notícia provava que havia tribunais a funcionar em Moçambique e ele aceitou", recorda Frances Christie.

Confessam-se desiludidos com o rumo que o país levou e apontam a corrupção, a insegurança e a ausência de solidariedade como os desenvolvimentos mais negativos - por outro lado, as suas recordações são generosas para com o ex-presidente Samora Machel, cuja morte os marcou.

"Não havia informação mas a rádio começou a passar música fúnebre e a transmitir uma mensagem de Marcelino dos Santos que dizia que o avião (de Machel) não tinha regressado", lembra-se Fauvet sobre as horas após o acidente aéreo de 19 de Outubro de 1986.

"Foi horrível, em Maputo não havia qualquer informação e apenas tínhamos uma notícia da BBC a falar de um "misterioso acidente aéreo na África do SulÈ", acrescenta Frances Christie.

"Passaram horas sem haver notícias e eu, em Joanesburgo, sempre ao telefone com a AIM a passar o que havia, que eram as aldrabices que o Pik Botha (então ministro dos Estrangeiros sul- africano) ia dizendo. No final, as pessoas vieram dar-me os sentimentos porque eu era a moçambicana que eles conheciam", recorda Maria de Lurdes.

Nenhum se sente estrangeiro numa terra onde viram nascer filhos e criaram amizades e relações que perderam nos países de origem, onde vão com cada vez menos frequência.

Mas o futuro já não é olhado com o mesmo optimismo dos "anos quentes" e estes jornalistas não disfarçam o mal-estar que lhes causa a perspectiva de uma vitória da RENAMO nas eleições do final do ano.

"Seria um desastre para Moçambique", afiança Paul Fauvet, enquanto Frances Christie manifesta "sérias reservas" perante essa hipótese e Maria de Lurdes Torcato diz acreditar "que possam acontecer alguns incidentes feios para muita gente".


Marque este Artigo nos Marcadores Sociais Lusófonos




Ver Arquivo


 
   
 


 Ligações

 Jornais Comunidades
 
         
  Copyright © 2009 Notícias Lusófonas - A Lusofonia aqui em primeira mão | Sobre Nós | Anunciar | Contacte-nos

 edição Portugal em Linha - o portal da Comunidade Lusófona Criação e Alojamento de Sites Algarve por NOVAimagem