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Condição Bancária: Hipoteca Vitalícia
- 4-Jan-2003 - 21:32
Um novo ano começa e com ele as preocupações de todos os dias. Preocupações que vão desde a “disponibilidade financeira” para pagar as contas da luz, do telefone e da água, sem esquecer o indispensável dinheiro para carregar aquele “bicho” que religiosamente transportamos dentro do bolso.
Além destas “pequenas quantias” há, na maioria dos casos, outras duas grandes “dores de cabeça”: A hipoteca da casa e a hipoteca do carro.
Tudo somado temos algumas centenas de Euros de dividas por saldar mês após mês. Não ficamos por aqui. Para aumentar o nosso “atrofio mental” e a nossa ginástica orçamental há ainda um bocado de plástico magnetizado que tantas e tantas vezes elevamos á condição de Deus: O(s) cartão(ões) de crédito.
Como se isto não bastasse ainda temos que descodificar aquelas coisas esquisitas de que os “tipos da tv” nos falam. Coisas do género: divida pública, défice, PIB e principalmente a inflação. “Mas o que é que eu tenho a ver com isso?”. Certamente que muitos dos que lêem estas linhas já se questionaram em termos muito semelhantes. Eu pessoalmente não faço a mínima ideia, mas que estas palavras caras nos dão cabo da qualidade de vida (o que quer que isso seja...) lá isso dão, até mesmo porque associadas a elas nunca estão boas notícias.
Vivemos numa verdadeira cultura do “plástico magnetizado”, em que é fácil comprar, é fácil contrair dívidas, é fácil gastar... o mais difícil é desvendar formas de se ser um bom devedor, aquele que paga todas as contas, que cumpre com as suas obrigações à banca, ao Estado e à operadora móvel.
A culpa, dirão alguns, é nossa, que somos descuidados, que vivemos acima das nossas verdadeiras possibilidades. Não! Na realidade a responsabilidade pela situação a que chegámos está nas mãos dos que “desenvolveram”, e envenenaram as nossas cabeças com esta forma fácil de se ser rico por uns dias. Não sei os seus nomes, nem lhes conheço o resto, mas aponto-lhes o dedo, pois quando o fizeram sabiam certamente a escala global que o fenómeno do endividamento desenfreado e irresponsável iria tomar.
Em Portugal, este ano, neste Natal, os Tugas recorreram como nunca ao cartão de crédito.
Porque que é o fizeram? Porque alguém os deixou fazer! É correcto viver nesta ilusão de que o dinheiro não acaba?
Seremos todos uns inconscientes, imaturos e irracionais? Não, não acredito que assim seja. Agora, que vivemos num sonho, do qual não queremos acordar, isso estou em crer que sim.
Urge criar medidas mais severas e mais rigorosas para o acesso ao crédito, sob as suas mais variadas formas, quer pelos empréstimos para comprar casa e adquirir carro, quer mesmo na utilização do “plástico mágico”, ou ainda nessas novas formas, pelo menos em terras lusas, de comprar o que se quer: Os pequenos empréstimos, assegurados por empresas sem rostos, até há pouco desconhecidas e que garantem “aprovação imediata por telefone!”.
O crédito em sim não é nefasto, nem condenável. Existem casos de sucesso profissional ligados ao crédito. Nos países do terceiro mundo, por exemplo, o empréstimo de pequenas quantias de dinheiro é feito até por ONG’s, e mesmo entidades governamentais, que assim incentivam o desenvolvimento económico, social e mesmo pessoal de territórios subdesenvolvidos. A verdadeira questão está na forma como nos usamos daquilo que nos oferecem.
Se sem o Crédito á Habitação nunca conseguiríamos comprar casa, se sem o Crédito Automóvel, passaríamos o resto da vida a apanhar o autocarro, será que o cartão de crédito é assim tão necessário? Será que temos mesmo que comprar o último modelo de telemóvel da multinacional finlandesa, ou aquele leitor de DVD que agora é moda? E mesmo para comprar casa: pagar uma hipoteca durante 50 anos, como agora é possível, é o nosso maior desígnio?
É preciso alertar consciências, a nossa e a dos que nos oferecem a Lua, quando até só precisamos da Terra. Se assim não o fizermos qualquer dia quando um bebe nasce, os pais começam a pagar-lhe um empréstimo que vai durar até à hora de voltar para a terra e aí todos vão poder ler no seu documento identificativo: Beatriz – Nascida a 26/09/2015; Condição bancária: Hipoteca Vitalícia.
solitoes@hotmail.com

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