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Teatro do Centro Cultural Portruguês do Mindelo em palco há 10 anos
- 24-Jan-2003 - 14:47
O Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, Cabo Verde, inicia hoje as comemorações do seu décimo aniversário com a reposição em cena da peça "Salon", da autoria de Mário Lúcio Sousa.
As comemorações da década de actividade do grupo, que terão o seu ponto alto em 18 de Fevereiro, prolongam-se até ao final do corrente ano, e englobam uma programa recheado de espectáculos teatrais.
A 18 de Fevereiro de 1993, por iniciativa de um jovem português, João Branco, que escolhera Mindelo para viver, começou o primeiro curso de formação em teatro, que foi a génese deste grupo.
Hoje, o Grupo do Centro Cultural Português do Mindelo é considerado o impulsionador de um teatro novo em Cabo Verde, sendo responsável, pelo seu exemplo e formação de novos autores, pelo surgimento de uma dinâmica teatral nunca antes alcançada no país.
Até ao momento já montou 30 produções, e quando findar 2003 estarão contabilizadas 33. Originais, recriações do grupo, adaptações de obras de escritores como Germano de Almeida, António Aurélio Gonçalves e Eça de Queirós, ou grandes clássicos teatrais de Shakespeare, Garcia Lorca, Oscar Wilde, Moliére e Samuel Beckett fazem parte do repertório do grupo.
"Salon", estreada em Setembro de 2002 e agora reposta em cena no âmbito das comemorações, é um mordaz desfiar de traços do temperamento peculiar dos cabo-verdianos. É um original de Mário Lúcio de Sousa, escrito propositadamente para ser encenado por João Branco.
A obra tem como espaço de trama um salão de cabeleireira, e como protagonistas mulheres extraídas do quotidiano de um centro urbano crioulo. São conversas, vivências, peripécias que se vão desvendando no salão, que, como autor diz pela voz de uma actriz, "é a instituição mais democrática da sociedade cabo-verdiana".
Benjamim é o "herói" ausente da história. Envolve-se com a surda cabeleireira, provoca uma "desova" de nove filhos na peixeira, seduz a beata, transforma-se em empresário "sepulteiro" com lugar garantido na Feira Internacional de Cabo Verde com a italiana, e descobre outra que lhe paga o "canudo" numa universidade dos Estados Unidos e o faz ministro.
Com uma subtil ironia, o autor da peça vai pondo em confronto figuras sociais, num processo de "desocultação" através da má-língua das mulheres que partilharam o leito com o fogoso Benjamim.
As mulheres vão passando pelo salão para pentear o cabelo e "lavar a roupa suja, e comer o sujo", nas palavras da cabeleireira surda. Mas, o pretexto principal é o de se embelezarem para sair à noite para a "borga" de fim de semana.
A obra procura "retratar a idiossincrasia do povo das ilhas, a diferença de comportamentos, a visão dos sexos, relativamente ao sexo, amor, talento, oportunidades, vida e morte. Mas, sobretudo demonstra a vetusta constatação de que quem conta um conto, sempre acrescenta um ponto".
O Grupo de Teatro do Centro Cultural do Mindelo é dos mais reconhecidos no panorama artístico cabo-verdiano. Da dinâmica criada os elementos do grupo, liderados por João Branco, fundam em 1995 o Mindelact - Festival Internacional de Teatro do Mindelo, o mais importante certame desta arte na África lusófona e um dos mais prestigiados do continente africano.
Em 1997, com o nome do festival, que entretanto se transformara em associação cultural, surge a revista especializada em assuntos teatrais "Mindelact".
No âmbito das comemorações, que se iniciam hoje, com a reposição de "Salon", e se prolongam até ao final do corrente ano, serão oferecidas ao público da cidade do Mindelo três estreias teatrais e a reposição das mais recentes produções do grupo.
Depois de Salon", em 21 de Fevereiro terá lugar a estreia de "Cloun Futebol Club", 31¦ produção do grupo, que utiliza a técnica apreendia numa outra produção anterior "Cloun Creoulus Dei".
Retrata a vida de três desportistas de nível internacional e o seu dia a dia, desde a meditação, o treino, a preparação para o jogo e a competição.
A 28 de Março acontecerá uma nova estreia, "Sapateira Prodigiosa", a mais conhecida comédia do espanhol Federico Garcia Lorca.
No centro de intriga está o difícil relacionamento entre um dedicado sapateiro e a sua jovem mulher, cerca de 20 anos mais nova.
Por altura do Mindelact - Festival Internacional de Teatro do Mindelo, em Setembro, será a vez de o grupo, em colaboração com o "Atelier Teatrakácia", apresentar ao público o grande clássico de William Shakespeare "Rei Lear".
Com encenação de João Branco, a 33¦ produção será uma adaptação para a língua cabo-verdiana dessa tragédia "shakespeariana".
Mas, nos meses em que não houver estreias o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo não deixará de convidar o público a rever as suas últimas produções.
Assim, retornarão ao palco "Salon" (Janeiro), "À Espera da Chuva" (Abril), "Cloun Creoulus Dei" (Maio), "Telemania" (Junho), "Auto DÈHolanda" (Julho) "Médico à Força" (Agosto), "Sapateira Prodigiosa" (Outubro), "Rei Lear" (Novembro) e "Conde de Abranhos" (Dezembro).
A 18 de Fevereiro, quando se assinalar o 10º aniversário do grupo, data que marca o início da primeira aula do primeiro curso de iniciação teatral dirigido por João Branco, será lançada a obra retrospectiva "Dez Anos de Teatro", dedicado a Joana Évora e Orlando Pantera.
Nesse dia serão igualmente exibidos em vídeo excertos de várias produções e inaugurada uma exposição/instalação a partir de várias peças cenográficas do grupo.
Ao longo do percurso de uma década, o grupo foi agraciado com o prémio de Mérito Teatral, atribuído em 1997 pela Fundação Luso- Brasileira para o Desenvolvimento da Língua Portuguesa e o Prémio Micadinaia da Cultura, da Academia de Estudos e Culturas Comparadas, em 1999.
João Branco tem sido o principal mentor do grupo, seu director artístico e responsável pela maioria das suas encenações.

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